domingo, 31 de maio de 2009

Top dos melhores anuncios

Como sou pouco original e parvo, inspirado pelo Bruno decidi fazer um top dos melhores anúncios. Passado pouco tempo concluí que dificilmente seria um top dos melhores mas sim daqueles que me divertiram e marcaram em tempos.
Hoje fica aqui o da Fanta, não sei bem de quando, mas continua a divertir-me.
Uma boa semana a todos!

Top 5 dos anúncios mais ridículos da televisão I.

Vou proceder à colocação neste blogue daqueles que posso considerar os 5 mais ridículos anúncios televisivos. Muito bem, passaram a mensagem, as pessoas lembram-se da marca e é isso que de facto importa para a empresa. No entanto não deixam de ser de uma parvoíce extrema. Sairá um por dia. Divirtam-se.

Nada contra Marco Paulo e a marca Nestea mas esta ideia do "Mudasti" não parece uma grande obra prima. Fica o reparo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Bendito financimento (que ainda nem sequer entrou em vigor).

Não tenho fama de ser agarrado, mas de gastador também não. Deixo-vos a "parca" quantia que os partidos prevêm gastar nestas eleições europeias. Vejam o vídeo aqui.

PSD € 2200000

PS € 1520000

CDU € 1200000

BE € 725000

CDS €477120

Imagem daqui.

Sim senhor! Isto sim faz jus à famigerada contenção de custos que possivelmente devia ser implementada em altura como estas. Interessante que o partido do povo, do trabalhador, do assalariado, do oprimido, da vítima do trabalho precário, o partido da ditadura do proletariado, do operário e do trabalhador fabril, gaste uma quantia destas. Incrível. De acordo com a RTP "A maior parte da despesa é suportada pelo Estado, que vai financiar os partidos com o equivalente a dez mil salários mínimos." Se virem o vídeo vêm um dos candidatos dizer "Estamos a fazer o que podemos com a generosidade da população, dos nossos apoiantes". Tendo em conta que mais de metade deste total de 8000000 são suportados pelo Estado, sim de facto, foi devido à generosidade das pessoas que o partido em questão obteve tanto dinheiro... Se entendermos o Estado como as pessoas (correcto) e que as pessoas descontaram nos impostos por generosidade (provavelmente errado) é um raciocínio correctíssimo.
Querem saber qual é o partido? Se acham que é o do trabalhador explorado que ganha menos de €500 por mês, é caso para dizer "bingo".
Quanto aos restantes partidos também não me parece que o dinheiro que vai ser despendido mereça grandes aplausos. Referência ao PSD que parece apostar forte e resta saber se em demasia, nestas eleições. Referência também para o CDS que tem uma dimensão no eleitorado semelhante ao PCP, ou antes à CDU, e que prevê gastar perto de menos € 800000 que aquela coligação.
Fica o reparo.

E este?

O cartaz que segue poderia facilmente saltar para o top dos piores cartazes.

Compreende-se que a ovelha chute problemas como o desemprego e a criminalidade. O que não se percebe é que o multiculturalismo seja um problema e que os imigrantes sejam os responsáveis pelos problemas deste país. Um dos caminhos mais fáceis de tomar, quer na política, quer na vida em geral, é adoptar um ponto de vista demasiado generalista, tomar o todo pela parte. Erro crasso.

Do pior e do melhor.

Muito tenho eu aqui escrito acerca de cartazes no contexto da campanha de alguns, vá muitos, vá quase todos os partidos para o Parlamento Europeu. Campanha essa que tenho tentando evitar de apelidar de fraudelenta, por respeito.
Hoje trago-vos outros cartazes, mas desta feita aqueles que possivelmente considero até ao momento o pior e o melhor cartazes de sempre. Segue primeiro um dos piores e de seguida um dos melhores, que surge como resposta ao primeiro.

Possivelmente dos piores.

Possivelmente dos melhores (apesar de ilegal).

Estes dois cartazes já têm bastantes meses mas não deixam de ser um marco na política portuguesa. De um lado um posicionamento radical relativamente aos imigrantes que, de todo, condeno. Do outro o humor contido numa resposta cabal. Fica a referência e como já vem sendo hábito, o reparo.


quarta-feira, 27 de maio de 2009

Coreia Nuclear

No 31 da Armada encontrei uma lúcida* e interessante análise daquilo que representará uma Coreia do Norte nuclear. Agradeço o Nuno Gouveia por não ter feito outra pseudo-análise populista, surreal e pouco interessante. Deixo aqui na integra o post.

"O teste de Obama


Ao mesmo tempo que Kim Jong Il está momentaneamente retirado da vida pública, devido a um ataque cardíaco, os norte-coreanos, como que a dar um sinal de vida, optaram por berrar tão alto quanto possível. As ambições nucleares da Coreia do Norte passam menos pelo desejo de obter a arma devastadora, e mais pela sobrevivência do regime, que um dia Bernardino Soares questionou se não seria uma democracia. Sem o ombro chinês, há muito que o “Querido Líder” tinha caído da cadeira. Mas o regime de terror, que enfrenta dificuldades internas há muitos anos, pretende fortalecer-se com este teste nuclear. “Queremos mais” poderia bem ser o slogan utilizado pelos dirigentes da Coreia do Norte ao lançarem-se nesta “aventura”. Obama, que não parecia estar muito interessado no problema coreano, terá agora que dedicar algum tempo a esta embrulhada. E claro, já deve ter percebido que a sua retórica de um mundo sem armas nucleares ficará suspensa durante algum tempo.

Obama herdou uma situação de esforços multilaterais relativamente à Coreia do Norte, mas a sua agenda de conversações directas com os inimigos dos Estados Unidos terá alertado o regime coreano. O objectivo dos coreanos poderá passar por negociações directas com os Estados Unidos, tentando obter mais concessões dos americanos, que de outra forma seriam mais difíceis de alcançar. A verdade é que a estratégia seguida até ao momento, com seis pratos na mesa, incluindo a China, não alcançou os objectivos definidos: manter a Península Coreana sem armas nucleares. E os Estados Unidos têm aqui uma oportunidade, se apostarem nas conversações directas: criar as condições necessárias para a reunificação das duas Coreias. Será uma jogada de longo prazo, que teria também por passar por uma mudança de regime na Coreia do Norte.

As sanções não têm resultado, pois a China, apesar da retórica, continua a sustentar o regime coreano. Se o multilateralismo, tão apregoado por muitos, fosse eficaz neste caso, e todos remassem para o mesmo lado, as sanções poderiam chegar para obrigar a Coreia do Norte a desistir das ambições nucleares. Mas responder a estes testes apenas com mais sanções será sempre inútil. É preciso fazer mais.

Robert Kagan e Dan Blumenthal recordam que o antigo secretário da Defesa William Perry e o actual sub-secretário da Defesa Ashton B. Carter defenderam em 2006 que os Estados Unidos poderiam lançar um ataque preventivo às instalações nucleares norte-coreanas. Mas essa hipótese não se coloca no momento, pelo que Obama deverá apostar na via negocial. Parece-me que contar com o apoio da China nesta questão tem sido demasiado ingénuo e até mesmo perigoso. A Administração Bush confiou nas intenções chinesas, mas a verdade é que Kagan e Blumenthal têm razão quando dizem que uma Coreia do Norte como ameaça ao poder americano na região interessa sobretudo à China. Além que uma Coreia unificada, próspera e aliada dos Estados Unidos seria tudo menos do interesse dos chineses. Por isso, o regime de Pequim tenderá a manter esta face de duas caras, por um lado condenando publicamente, por outro, apoiando e mantendo a viabilidade do regime coreano.

Barack Obama defendeu na campanha eleitoral que negociaria directamente com os inimigos dos Estados Unidos. Agora parece que a Coreia do Norte deseja prosseguir essa via: que se lhe faça a vontade. Não será com Kim Jong Il que a ditadura coreana irá cair, mas poderá ser com o seu sucessor, que as coisas poderão realmente começar a mudar. E estas diatribes nucleares do “Querido Líder” até poderão ajudar, se os Estados Unidos aproveitarem a oportunidade. Apenas deverão manter a exigência que uma Coreia do Norte com armas nucleares é intolerável, e se o país não aceitar esta exigência, terá que enfrentar as consequências. Sejam elas quais forem. Estou certo que a Administração Obama tudo fará para impedir que os seus aliados, como o Japão e Correia do Sul, fiquem livres da ameaça nuclear coreana."


por Nuno Gouveia às 08:00, Quarta-feira, 27 de Maio de 2009, 31 da Armada


*Exceptuando a última frase com um óbvio lapso.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Eu e as Europeias

Fiz o teste sugerido pelo Bruno, eis o resultado:


Tenho que ser muito honesto, não me imagino a votar no MEP nem no PH. Para já são dois partidos que desconheço, aceito bem que é preguiça minha. No final de contas o eleitor não pode ficar à espera de ser informado, cabe-lhe a ele também alguma investigação. Quanto ao PS e ao PSD não me revejo em nenhum deles, aliás não me revejo em nenhum dos partidos que conheço. No entanto bato-me com um dilema: votar em branco ou não votar. Provavelmente optarei pelo primeiro, tornando-me um dos poucos que se dão ao trabalho.
Passo a explicar o porquê do meu sentido de voto. Primeiro porque ando à deriva, sou Cabo-verdiano mas também sou Português e como vivi a maior parte da minha vida toda fora de qualquer um desses dois países pergunto-me se tenho legitimidade para decidir os seus destinos. Contudo, facilmente se depreende que se tenho direito é porque tenho dever e se tenho dever cabe-me dar-me ao trabalho. Apesar de considerar que não ir é também uma forma de protesto, mas ao menos indo não me acusam de não querer saber.
Segundo, o voto em branco é um voto de protesto, de descontentamento. Eu, estou bastante infeliz, revoltado e farto destas eleições por causa da sua pré-campanha fraudulenta, como já o Bruno várias vezes o denunciou. Qual será o sentido de se votar num partido e isso se traduzir na eleição de deputados para uma família nunca, ou quase nunca falada durante as eleições.
Por fim, e esta é a maior razão, tal como o Bruno denunciou, estes senhores confundem fazer campanha com um triste espectáculo de circo. Partindo, para além disso, do princípio que o português médio é burro ou estúpido, pelo menos o suficiente para não perceber. Só assim se explica que discutam tudo menos aquilo que caberá nas suas competências caso sejam eleitos para o PE.
Eu estou farto daquele folclore onde dão ares de fazer política. Se me querem convencer que ser político é fazer aquilo e que é daquela maneira que a política deve ser conduzida, lamento mas não me resigno. Não sou idílico o suficiente para considerar como Platão que a Política é a arte de governar os homens com o seu consentimento. Agora, ao compactuar com esta campanha estaria a deixá-los pensar que me podem fazer passar por parvo.
Adivinho que vou fazer um post semelhante na altura das legislativas.

Teste.

Existe este novo teste que lhe indica o seu posicionamento no panorama político das Eleições Europeias de 2009. Se pretenderem saber qual é, façam-no (sem garantias de fiabilidade da minha parte).

EU Profiler.

Repetitivo.

Pelos vistos a malta que anda na política não anda a visitar este humilde mas enorme espaço de debate. Há tempos escrevi que considerava no mínimo incorrecto usarem-se estas eleições europeias para lançar medidas e criticas nacionais quando o que está em causa é acima de tudo o interesse europeu. Agora que a campanha está no auge com participação em comícios dos líderes dos partidos e dos cabeças-de-lista, este erro continua e poderá estar mais forte que nunca. Para isso é suficiente assistir às últimas declarações dos responsáveis do PSD e do PS.

Dei por mim a ver uma frase muito semelhante a esta num qualquer canal televisivo “Votar no PSD é votar na mudança”. Ora bem, reforço a ideia de que estamos perante eleições para o PE. Deixo-vos a actual distribuição de lugares naquele órgão comunitário.

Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e Democratas (EPP-PD): 278

Grupo Socialista (PES): 216

Aliança dos Democratas e dos Liberais pela Europa (ALDE): 104

União para a Europa das Nações (UEN): 44

Verdes/Aliança Europeia (EFA): 42

Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (IND/DEM): 41

Independência/Democracia (ID): 24

Identidade, Tradição, Soberania: 23

Membros não inscritos ou lugares não preenchidos (NI): 13

Total: 785

Como podem ver quem detém a maioria (ainda que relativa) de assentos no PE é o EPP-PD, partido que alberga o PSD. Como se pode afirmar que votar no PSD é votar na mudança? Mais uma vez esta situação corresponde a um tratamento incorrecto dos factos. Votar no PSD nas legislativas é mudar, nas europeias não.

Vi também uma campanha do PS em que se falava da privatização do sistema se segurança social que o líder do partido terminantemente repudiou. Ora bem, essa hipotética medida nunca poderia ser alvo de debate no âmbito de eleições europeias, mas antes em legislativas. Porém mantém-se este registo que quase nenhum partido consegue evitar.

São estes pequenos factos que parecem dar-me razão quando afirmo que estas eleições não estão a ter o tratamento merecido mas antes estão a ser um joguete usado ou para criticar ou para defender políticas nacionais.

Fica o reparo.

domingo, 24 de maio de 2009

A Class Divided

Estava eu a exprimentar um curioso ad-on, stumble!, do mozilla firefox e fui dar a este site. A class divided, uma reportagem da frontline que filmou uma aula na qual uma professora explica aos seus alunos da 3a classe o que é discriminar. Diz a senhora ter dado a sua primeira aula nestes moldes no dia que se seguiu ao do assassinato de Martin Luther King. Deixo-vos aqui dois clips dessa lição.




Parolices

Ora bem meus caros, dirijo-me hoje a vocês para falar sobre mais uma das muitas parolices da política portuguesa.
Parece que Pedro Santana Lopes, candidato do PSD à Câmara Municipal de Lisboa tentou contratar o arquitecto Frank Gehry para a remodelação do Parque Mayer. Para quem não sabe, Frank Gehry já desenhou edifícios como o Museu Guggenheim em Bilbau ou o Walt Disney Concert Hall em Los Angeles. Não sendo eu um entendido em arquitectura, constatei que se trata de um profissional internacionalmente reconhecido no seu meio.
O problema central deste caso vem com as declarações da Eurodeputada Ana Gomes que acusou Santana Lopes de, "parolice, provincianismo abjecto e despesismo". Resumidamente a Senhora diz que existem arquitectos melhores e mais baratos em Portugal, particularmente na Escola de Arquitectura do Porto.
Para dizer a verdade não sei se existem ou não. Simplesmente duvido que seja racional oferecer uma obra desta envergadura a uma pessoa sem experiência. Agora a parolice vem na escolha de palavras da Eurodeputada, que invariavelmente recorre a termos menos simpáticos ou próprios nos seus ataques políticos.
Recordo ainda que Ana Gomes é uma das ilustres figuras do Partido Socialista a concorrer simultaneamente às eleições europeias e às eleições autárquicas.

PS: Pergunto-me se parolice não será um Primeiro Ministro ir a Espanha falar Castelhano, para depois o seu homólogo Espanhol vir a Portugal falar Castelhano. Fala-se de de provincianismo...

Não sendo eu um particular admirador da Senhora, principalmente após a questão dos voos da CIA e das já referidas multi candidaturas, diria que a Eurodeputada quando se depara perante um microfone abre a boca, fecha os olhos e dispara de rajada em todas as direcções.

O Estádio Nacional.

Volta e meia, quando no mês de Maio se realiza a final da Taça de Portugal e nela participa o F.C. Porto, este clube “muitíssimo respeitável”, ou antes, os seus responsáveis entendem que o Estádio do Jamor não devia ser o estádio da final.

Razões suscitadas: “Não tem condições”. Até se pode alegar que não tenha condições para lá se jogar, o que duvido. No entanto, a razão que está na base desta quase repulsa por o jogo ali se jogar parece residir na ideia do regionalismo que por vezes parece pautar declarações de líderes lá de cima. É de repudiar. Possivelmente nunca o saberemos mas se o mesmo estádio (O Estádio de Oeiras como alguns lhe chamam) fosse no Norte, a postura seria bem diferente.
Fica o reparo.

Manifestação da CDU.

Se nos conseguirmos abstrair do facto de muitas das manifestações anteriores em Lisboa contra o Governo terem tido o cunho comunista, esta terá sido a primeira do ano daquele partido…Bem, de facto, não terá sido a primeira…

Aparte isto, esta manifestação de dia 23 era da CDU.

Discursos resumidos (tarefa árdua):

“Estamos na luta pelos Direitos dos trabalhadores, contra a precariedade no trabalho, contra a exploração dos patrões, contra o Neo-Liberalismo, contra o Capitalismo,” e por aí fora…Ah ia-me esquecendo “Contra as políticas de direita deste Governo que se diz de Esquerda, vamos mostrar-lhes o cartão vermelho”.

Também vos dá a sensação de deja vu cada vez que se vêm comunistas a falar?

Para além disto, duas notas.

Primeiro, o slogan obamista "Sim, é Possível" semelhante, ainda que traduzido, ao "Yes We Can". Estranho tendo em conta que os EUA representarão o capitalismo como mais nenhum país o fará. Pelos vistos tal não é um entrave.

Segundo, numa reportagem jornalística vi aquelas já clássicas perguntas às pessoas que ali se manifestavam. Deu ideia de que muitos foram para ali sem acreditar propriamente no que defende a CDU.

Fica o reparo.

sábado, 23 de maio de 2009

Um Jornalismo bastante discutível.

Depois de já ter sido visada por críticas do Primeiro-Ministro à forma como conduz aquela espécie de Noticiário, Manuela Moura Guedes foi ontem alvo de reposta contundente por parte do Bastonário da Ordem dos Advogados. Não está em causa o meu entendimento acerca do modo como conduz a Ordem, mas sim a forma como respondeu à "jornalista" daquele "canal televisivo".
Em tempos escrevi uma refelxão acerca do caminho que o jornalismo poderia estar a tomar e se não estaríamos a desenvolver um novo jornalismo, o de jornalista "opinion maker". Não estão em causa as crónicas em jornais e artigos semelhantes, mas antes a liberdade que o jornalista tem ao emitir juízos de valor aquando da transmissão da notícia aos que assistem àquele canal. Não esquecer que é sob aquela forma e conteúdo que os telespectadores assimilam a notícia e depois considerarão acerca da mesma. Se antes de se passar a peça jornalística se diz que o Senhor Z trabalha mal será mais difícil ao telespectador médio contrariar aquela ideia, mesmo que esteja errada. Posto isto, foi ontem Marinho Pinto, quem, numa acesa troca de palavras, disse à joranlista das sextas-feiras da TVI, o que achava de tudo aquilo. Vejam o vídeo.


sexta-feira, 22 de maio de 2009

SIMOTAN IV

A minha recente ausência deve-se a um evento organizado pela Comissão Portuguesa do Atlântico / Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico, uma simulação do Conselho do Atlântico-norte. Pelo que vos deixo a mero titulo de curiosidade os jornais que produzimos durante a simulação:





quarta-feira, 20 de maio de 2009

Pouco sentido.

As eleições do próximo dia 7 de Junho são para o Parlamento Europeu. Neste local os deputados estão agrupados por famílias políticas, por partidos, não por nacionalidade. Posto isto, afiguram-se desadequadas propostas de candidatos a deputados naquele hemiciclo no sentido de procurar obter vantagens para Portugal. O crivo composto pelos outros deputados, oriundos de outros países, ainda que da mesma família política, suporta este raciocínio. Se não fui claro, exemplificamos. Imagine-se que um deputado português do PSD, que integra o Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e Democratas Europeus, tenta fazer passar legislação muitíssimo favorável a Portugal, ou para ser mais abrangente, legislação que beneficia países pequenos. Ora, esta tentativa, que até pode ser esforçada, esbarra nos interesses dos deputados dos países médios e grandes. Para além do mais, o Parlamento, no que diz respeito à adopção de actos legislativos, trabalha com o Conselho num processo de co-decisão, em que se coloca o Parlamento e o Conselho em pé de igualdade. Já que aqui me refiro ao Conselho, diga-se que em matéria de interesse nacional, e não de interesse partidário, é a este órgão comunitário que compete, ou melhor, é aos ministros de cada Estado membro que compete, tentar fazer prevalecer o ponto de vista daquele país aos demais. Assim, se pretende defender que, sendo estas eleições para o Parlamento, e não para o Conselho (órgão para o qual de resto não há eleições), não faz muito sentido apresentar como bandeiras de campanha eleitoral qualquer tipo de medida que poderá beneficiar Portugal neste contexto. No entanto, este não parece ser o entendimento geral nos partidos nacionais, com uma ou outra excepção, o que de resto, confirma a regra (conforme se costuma dizer).


Os cartazes que pelas ruas são colocados são exemplo crasso disso). Perdoem-me por trazer este assunto de novo à colação).

Vejam-se os cartazes.

BE:









"Mudar a Europa, mudar Portugal"

PSD:










"Pelo Interesse Nacional..."

CDU:









"Em Portugal e na Europa"

PP:









"Soluções Sérias para Portugal"

Já outros partidos, as tais excepções, conseguem ter o discurso dirigido à Europa (contra ou a favor). Não procuro defendê-los aqui, apenas pretendo expressar o ponto de vista.

Os Verdes (apesar de coligados com a CDU):









"...Uma Europa para Todos"

PS:








"Nós, Europeus"

É certo que outros cartazes há, mas resolvi colocar estes. Compreende-se a tentativa dos partidos da oposição nacional em contrariar as políticas do Governo socialista e daí o aproveitamento das eleições europeias para fazer a ponte para as eleições legislativas. No entanto, que através deste caminho, poderão os partido incorrer num perigo grave. Perigo, diga-se, para os eleitores. O distorcer da realidade. Coloquemos os pontos nos i’s. Estas eleições são europeias, e são para o PE, não para a AR. Esta ideia de mostrar que se vai fazer por prevalecer o interesse nacional sobre os demais é incorrecta. Obviamente não estou aqui a dizer o que é correcto, se o europeísmo ou o eurocepticismo. Nem sequer estou aqui a pôr em causa o meu patriotismo, algo que pondero mas que não repudio. No entanto, nem sequer essa hipótese de ponderação sobre a Europa e sobre a integração de Portugal na mesma é colocada ao eleitorado.


Fica o reparo.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Problema Difícil.

Barack Obama tem entre mãos um problema que se arrasta há muitos anos. O Médio Oriente. É ali que reside grande parte da origem dos conflitos neste Mundo. É um ponto nevrálgico, de cruzamento de três religiões, de duas civilizações, de mentalidades muitíssimo diferentes.

Obama comprometeu-se recentemente em procurar uma solução para este difícil caso. Será mais um a tentá-lo? Diga-se que inclusivamente Bush, muitíssimo contestado, fez por isso e não conseguiu. A solução para este problema é tão complicada porque este tem origens que remontam a séculos de distância.

Se quiseremos ser mais estrictos nesta análise invocaremos facilmente a criação do Estado de Israel em 1948. A partir deste momento aquele ponto do globo foi também ponto de discórdia. Vejam-se as guerras entre Estados que ali sucederam.
A guerra (dos Seis Dias) de Israel contra o Egipto, Síria e Jordânia em 1967, o ataque nos Jogos Olímpicos de 1972, a guerra de 1973 entre Israel, e Egipto e Síria, os bombardeamentos de 1981, a guerra do Líbano de 1982, a famosa intifada que começou em 1987, os ataques a Israel em 1991, o ataque de 2006.

Desde 1948 tudo se tentou. Acordos atrás de acordos. O Tratado de paz de Camp David em1979, os Acordos de Oslo de 1993, o Tratado de paz entre Israel e Jordânia de 1994, entre outros. No fundo, fica patente, toda dificuldade na construção da paz neste ponto do globo.

Fica a expectativa de sucesso.
P.S.: Peço desculpa mas não encontrei um mapa claro em português do Médio Oriente . Obrigado.

Um método de ensino...diferente.

Uma professora de Espinho teve o infortúnio de um dos seus alunos ter gravado uma hora de aula. O resultado é este. Vejam o vídeo.


segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Marinha e as Políticas Portuguesas

Em tempos idos, quando ainda aqui assinava como Melekh Salem, escrevi isto no blogue oficial da Comissão Portuguesa do Atlântico e da Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico. Deixo aqui pois não deixa de ser um princípio de reflexão interessante.

(Imagem tirada daqui)


Desde 1974 que Portugal se tem debatido com um grave problema no que diz respeito ao seu lugar no mundo. Definir o que quer e o que espera dos outros, tornando isso claro para todos, tem sido uma deficiência grave das Políticas Portuguesas. Exceptuando casos pontuais e a reactividade que as adversidades internacionais lhe foram impondo, Portugal apenas teve um grande elemento definidor da sua política externa nos últimos 30 anos – a Europa.

Não criticamos a via europeia, nem ousamos sequer duvidar que Portugal deve muito do que é hoje à mesma. Apenas apontamos, tal como muitos já o fizeram, o potencial de Portugal, em muito por explorar, graças à sua posição geográfica.

Isto porque um país como Portugal não devia basear a sua política externa na pertença aos grandes espaços e na continuação e manutenção de boas práticas diplomáticas sem definir qual o seu interesse estratégico nacional, quais as prioridades e o que pretende do futuro. De facto poder-se-ia aspirar a pouco mais do que a manutenção do status, seguindo as políticas desses grandes espaços e aspirar a pouco mais do que assumir a posição de um pequeno Estado. Todavia não tem sido essa a vontade demonstrada pelos vários executivos, através das suas acções e esforços, ainda que tímidos, patentes na CPLP ou na manutenção de boas relações bilaterais com os países lusófonos.

No nosso entender essa atitude visa algo maior. O regresso a uma política externa assente no mar, uma das poucas constantes da história portuguesa, um pouco esquecida nos últimos anos, mas uma evolução lógica dada a sua importância vital para o Estado. Essa política externa, não pode senão ser conseguida com a utilização, o apoio da marinha portuguesa.

Porém ao analisarmos o orçamento de estado para 2009, constatamos que: o exército custará ao Estado Português cerca de 705 milhões de euros, a marinha cerca de 511 milhões e a força aérea 390 milhões. Sendo o Exército o ramo mais antigo das Forças Armadas compreende-se a sua natural vantagem relativamente aos restantes. Contudo, tendo Portugal sido uma potência colonial, tendo um dos maiores mares territoriais e a maior zona económica exclusiva (ZEE) da Europa, estando a investir no levantamento oceanográfico de forma a alargar ainda mais o seu espaço marítimo, será coerente o reduzido investimento que faz na sua marinha?

As fronteiras terrestres de Portugal, com a consolidação da NATO e da UE, não precisarão de grande defesa e a necessidade de um exército de grande envergadura cada vez mais é questionável. Por isso, muitos consideram que deveria ser pequeno, muito pequeno, especializado e moderno. Caminha-se cada vez mais para utilização das forças armadas numa como um instrumento de apoio à política externa, para além do seu papel de defesa.

Um alargamento e modernização da marinha, desde que de forma ponderada, sem exageros, poderia em muito beneficiar Portugal. Antes de mais, o país garantiria uma presença contínua nas suas águas não deixando “vazios de poder” facilmente aproveitáveis por terceiros. De resto poderia assegurar um maior papel no seio da NATO e da UE. Especialmente quando o país aspira a aumentar a sua influência sobre o atlântico sul, nomeadamente a CPLP, e servir de ponte entre esta e a União Europeia e a NATO (lembre-se o apoio dado a Cabo Verde para a obtenção do estatuto de parceria especial da UE). Ora, não pode Portugal pretender ser um ponto de ligação entre o atlântico sul e a NATO ou a União Europeia sem dispor de uma marinha capaz. Quer para cooperação, patrulhas, crises ou "operações de charme" de diplomacia pública, tão bem conseguidas pelas visitas dos navios. Só assim será possível uma convergência económica, cultural e de defesa. Um real alargamento do atlântico sul. E a passagem portuguesa de um pequeno Estado, a um Estado médio, ou mesmo até grande.

sábado, 16 de maio de 2009

Decisões importantes.

Ontem, Manuel Alegre (doravante M.A.), poeta/político, declarou em conferência de imprensa que não sairia do PS mas que não iria integrar as listas do PS às eleições legislativas. Parece uma decisão sensata e possivelmente aquela que melhor poderá servir os interesses do próprio M.A., do PS e ainda o país.

M.A. sai beneficiado por várias ordens de razões. Ganhou notoriedade desde as eleições presidenciais, e desde então, não se coibiu de mostrar descontentamento relativamente às políticas do Governo, apesar de fazer parte do partido que se encontra no poder (Governo). Tal foi o protagonismo à sua volta gerado, que, diria, que o PS deverá mesmo apoiá-lo nas próximas eleições presidenciais. Nem sei até que ponto isso terá mesmo sido falado entre os responsáveis socialistas, mas é possível que sim. Por outro lado, M.A., se criasse um partido, poderia destabilizar o sistema político e a divisão parlamentar no que concerne aos partidos. Seria aquele cenário do PCP, BE e M.A. com 30%, PS com 30%, PSD 30% também, e CDS 10%, isto aproximadamente. No entanto, dificilmente o socialista tiraria grande benefício dessa divisão, ou melhor, o benefício que terá enquanto Presidente da República será muitíssimo superior ao do cargo de líder partidário, por várias ordens de razões que não cabe aqui explorar.

Já o PS sai enormemente beneficiado, descartada que está a hipótese de ter como adversário político M.A. que possivelmente tiraria perto de 10% do eleitorado do PS. O PS consegue assim segurar os votos que tem, sem ter em conta alterações que entretanto poderão suceder e que de algum modo poderão modificar o sentido de voto do eleitorado. O PS ganha ainda com a hipótese de já ter um candidato a Presidente da República. Por momentos, dada a “cooperação estratégica” tão vincada entre o Governo e o PR, cheguei a acreditar que o PS iria apoiar Cavaco Silva nas eleições presidenciais de 2011. Para terem ideia do grau de proximidade, é suficiente verem uns sketchs dos “Gato Fedorento” que a ilustram, ainda que hiperbolicamente. Obviamente que não está garantida a vitória do candidato apoiado pelo PS naquelas eleições. Aliás, acho muito difícil que tal suceda, na medida em que o PR normalmente faz dois mandatos. No entanto, muito pode ainda acontecer e mesmo as próximas eleições legislativas são uma incógnita, apesar de crer que o PS deverá vencê-las. Resta saber com que maioria. Depois disso, resta também saber se o PS com maioria relativa aguenta o leme do país durante muito tempo.

Relativamente ao país, este deverá ganhar em vários aspectos. Desde logo, discordarão de mim de imediato aqueles que acham que este país terá melhores hipóteses de sucesso com maiorias relativas do que com absolutas. Já por várias vezes referi, noutros textos, que através de um juízo empírico chegamos facilmente à conclusão que a governabilidade de um Governo suportado por um partido de maioria relativa é inferior à de um com maioria absoluta. Possivelmente a causa deste problema reside na falta de maturidade da nossa Democracia. Enquanto esta maturidade falta, a possibilidade de haver aquele cenário acima referido dos 30%, 30%, 30% e 10%, afigura-se problemática. Com o descartar da hipótese de um partido alegrista, esse cenário será mais complicado de se realizar. Tal como já referi, o país ganhava ainda um candidato presidencial com maiores hipóteses de vencer com o apoio partidário que lhe faltou nas eleições anteriores. Louve-se o pluralismo, essencial numa Democracia. Para além disto, chegamos a uma fase em que a concertação de esforços se revela essencial. Não um bloco central, mas a prossecução do interesse comum alcançável por acordo entre os partidos da AR. Naturalmente que isso só será possível com o abdicar de algumas posições e com o consequente consenso alargado.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Cartazes das Europeias.

Estas eleições europeias têm dado mais que falar do que possivelmente se poderia pensar. Ora é o nome dos candidatos, ora são os debates, ora são as agressões, ora as papas maizena, em suma, já se viu de tudo. O que não ficou atrás foram os cartazes dos vários partidos. Foco neste texto dois dos partidos que concorrem a estas eleições por terem os cartazes mais controvertidos.

Comecemos pelo PS. Iniciou a campanha com este cartaz.




O slogan pareceu-me apropriado, de acordo com o que anteriormente escrevi. No entanto, reforço a ideia de que o europeísmo é algo ainda pouco desenvolvido na mentalidade do português médio. A prioridade é sempre Portugal. Esquecendo-se muitas destas pessoas que a Europa é fundamental.

No entanto, ao que consta com o debilitar da imagem de Vital Moreira, resolveram tirá-lo dos cartazes e começaram a colocar momentos decisivos da Europa em que o PS esteve envolvido por ser Governo no momento ou por ter um Presidente da sua família política. Um dos cartazes era este (já corrigido).

Discutível é, se terá sido mera coincidência o facto de o Governo ser PS no momento ou se este partido estando no Governo foi determinante para que aqueles factos históricos sucedessem.
Parece-me que tanto no trabalho desenvolvido na adesão à União Europeia, como no Tratado de Lisboa, tanto Mário Soares no primeiro momento, como o Governo actual no segundo, terão sido determinantes. Já quanto ao euro, sem prejuízo do respeito por António Guterres, a influência governativa terá sido diminuta. No entanto, estranho é que se recorra a imagens do passado para propagandear um projecto e se retire dos cartazes o líder da lista que concorre às eleições. Ainda quanto a estes cartazes socialistas houve aí muito burburinho relativamente ao erro da adesão à CEE. Recorrendo a um estrangeirismo, é um fait-diver, entretanto resolvido.

Analisemos agora o outro partido. O CDS. Tem um cartaz diferente. De acordo com alguns blogues a imagem de Nuno Melo faz lembrar Mussolini numa qualquer fotografia. Parece-me um acaso, um mero acaso. No entanto, o sub-slogan – se é que lhe podemos chamar isso – indica “Soluções Sérias Para Portugal”. Veja-se.

Então, mas não estamos a falar de eleições europeias? Mais do que isso, não estamos a falar de eleições para o PE em que a representação não é por nacionalidade mas partidária?
Será que a ideia foi fazer um cartaz-ponte (como lhe resolvi chamar) entre as eleições europeias e as legislativas? Parece, não parece? É que por um lado, coloca no cartaz o cabeça de lista às eleições europeias e envia aquela que poderá ser uma mensagem a Vital Moreira, que entretanto voltou à política. Por outro lado, argumenta ter soluções sérias para o nosso país. Será uma boa jogada? A ver vamos.

Fica o reparo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Ética, Moral, Valores, Princípios... Na Política?

(Imagem tirada daqui)

Ética, Moral, Valores, Princípios...
Ao que parece é o que falta na política hoje em dia. Não me refiro apenas aos casos dos países específicos mas ao da Política Internacional como um todo.
Muito se repetiu nas Conferências do Estoril que o "Mundo atravessa uma crise de valores" e que "temos que regressar a conduzir a política com base em valores". De facto, a falta de ética dos responsáveis políticos e a persecução de políticas sem qualquer base ou sistema de valores, descredibiliza-a, prejudica-a, torna-a lamentável se quiserem. Pera aí! Mas não foi sempre assim?
De repente, foi eleito um presidente norte-americano que diz que temos que devolver a moral à política, vi o Tony Blair dizer o mesmo e uma dataria de especialistas de gabarito mundial dizerem o mesmo. Por exemplo, se bem me recordo do que disse Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia, as soluções económicas existem, bem ou mal, de uma forma ou de outra, elas existem, o que falta é vontade política (pudera! quem tem poder não está preparado para reestruturar qualquer sistema a menos que não tenha qualquer opção e isso tem que ser evidente no curtíssimo prazo), da mesma forma, especialistas em políticas ecológicas disseram o mesmo relativamente à redução de emissões de CO2.
Resumindo, os cenários apresentados apenas seriam resolvidos com uma cooperação mundial, num espírito de confiança e amizade, apenas haverá salvação se as diferentes políticas forem sustentadas com base em princípios morais, tendo em conta o bem comum e esquecendo os egoísmos.
Concluindo, não acredito que o cenário seja catastrófico nem acredito que seja tão lilás (para não estar sempre a usar o cor-de-rosa). Será conseguida uma solução, com base no possível e não no desejável. Quanto à política, ela nunca foi pautada por estas coisas bonitas nem nunca vai. Dito isto, no dia em que quiserem fazer política como ela devia ser, contem comigo!

Tradição: Que sentido?

Hoje em dia muito se invoca a tradição “por dá cá aquela palha” ou como quem diz, para justificar tudo e mais alguma coisa. Se a tradição servisse de base argumentativa para tudo, então o Mundo não evoluía, permanecia estanque, e possivelmente ainda estaríamos a fazer pinturas rupestres. E porquê? Porque é tradição.

Se a tradição fosse respeitada a 100% muito do que hoje consideramos no mínimo imoral, para não dizer ilícito, era respeitado e tido como correcto. Dou exemplos: Vindicta privada; Casamentos combinados; praxes abusivas; lutas de galos; desrespeito em geral pelos direitos humanos. Em suma, tudo que há de ruim no Mundo podia ser justificado porque constituía uma tradição. Perfeito…

Claro que existem tradições que são de valor e outras que são praticamente inócuas. Contra essas nada a dizer.

Ora, outro exemplo de tradição e que nos dias de hoje se revela mais controvertido, é o da tourada. Em tempos se legislou no sentido de permitir os “touros de morte” em Barrancos, que tinha essa prática como tradição, o que constituía um costume contra legem até à aprovação da tal lei. O argumento mais uma vez foi “É tradição!”. Será que é legítimo ter esta linha de argumentação? Não abrimos um precedente? Será que existe um limite para a tradição? Ficam perguntas, esperam-se reflexões.

Nos Açores, está em causa outra situação. Tem também que ver com touradas, no caso a chamada “Sorte de Varas” que consiste no fundo, na situação de um toureiro que monta a cavalo, espetar uma vara no touro repetidas vezes. Ao que consta, o touro, nesta modalidade tauromáquica, é picado o dobro das vezes do que é com as bandarilhas. Isto é, causa o dobro dos danos. O sofrimento do animal não nos deve fazer pensar? Dentro desta linha de raciocínio, não devemos nós repensar também, a tourada lato sensu? Questões que a mim mesmo se suscitam reflexão, inclusive me pergunto se admitir as touradas e não admitir a “Sorte de Varas” é sequer lógico e coerente. Sem desrespeito para com quem assim pensar.

Neste caso, da “Sorte de Varas” nos Açores não está sequer em causa a tradição. Essa não existe nos Açores nem em Portugal. Qual é o argumento, desta feita, para se legislar no sentido de se permitir tal modalidade da tauromaquia?

Posto isto, corroboro o “Movimento - Não à Sorte de Varas nos Açores” propugnado por Tibério Dinis do blogue In Concreto. Não por ter uma ideia certa e insusceptível de alterações, acerca das touradas, mas porque, e entrando na linha de argumentação da tradição, esta alteração legislativa faz pouco sentido.

Por outro lado, pensemos um pouco sobre os alegados "direitos dos animais". O ser humano preocupa-se acima de tudo consigo (e bem) e só depois com os animais. Juridicamente estes são coisas, sem prejuízo de legislação que os proteja. No entanto, o ser humano preocupa-se (os que se preocupam) com os animais em sofrimento, mas só com os que são claramente visíveis. Explicando melhor. A generalidade das pessoas preocupa-se com o sofrimento do cão, do boi, do touro, do elefante. Já da formiga, da barata, do lagarto e do besouro poucos querem saber. Isto sucede por duas ordens de razões. Primeiro, há muitos insectos. Segundo, estes são repugnantes. A proximidade de uma pessoa com o animal ou mesmo a possibilidade de termos noção do sofrimento do mesmo é que permite esta preocupação. Este tema daria azo a muita discussão.
Fica o reparo.

domingo, 10 de maio de 2009

E agora?

Um grande bem haja a todos os leitores, que com as constantes visitas e comentários, ajudam a melhorar este espaço.
Sendo eu um adepto assumido do Sporting, por diversas vezes comentei com os meus colegas que este espaço não é o local ideal para se discutir futebol, dado que essa discussões em nada ajudam a humanidade e são sempre marcadas pelo facciosismo e os ânimos quentes. Acontece no entanto que ontem enquanto aguardava o inicio do jogo em Alvalade vi algo digno de um jogo entre amadores de uma liga da América Latina. Enquanto os guarda redes do Sporting (bolas verdes na figura) se preparavam para o jogo, o árbitro Duarte Gomes deslocou-se para o espaço onde pretendia fazer a sua preparação (rectângulo amarelo), seguindo o trajecto a vermelho em vez do amarelo mais curto. O resultado desta atitude provocatória foi uma discussão entre o preparador físico do Sporting e o referido árbitro, terminando com um empurrão do árbitro ao elemento da equipa técnica do Sporting, que acabou por ser expulso.
A questão que fica é a seguinte. Se fosse um jogador a empurrar um árbitro, seria expulso e castigado. O que acontece numa situação em que é o árbitro a empurrar?



sábado, 9 de maio de 2009

1 Pessoa, 2 cargos.

O papel de um político na sociedade deve ser pautado por um elevado grau de responsabildade, quer pelo cargo que possivelmente representa, quer porque constitui um exemplo para a sociedade, quer quanto mais não seja porque perde credibilidade aos olhos do eleitorado.
A nossa Democracia leva 35 anos, ainda não está amadurecida. 35 anos é uma geração, perto de duas. Apesar disso, acredito eu que em Portugal os políticos, regra geral, ao longo destes anos se têm começado a preocupar com a tal responsabilidade e exemplo que acima referi. Não me refiro a casos de corrupção, esses deixo-os para a Justiça. Refiro-me antes à ética, algo que podemos aferir sem necessidade de intervenção de órgãos judiciais, mas que é de enorme importância.
Ora, parece que na lista do PS para as eleições europeias estão dois elementos que concorrem simultaneamente ao cargo de deputado no Parlamento Europeu e ao de Presidente de Câmara Municipal. Isto é extraodinário. Dá ideia que o raciocínio está perto disto "Bem, se não der ali no PE, vou para a Câmara, e vice-versa". Podia esta história ter ficado por aqui, o que seria já incrível. Porém, acrescentou-se mais um tónico. Segundo noticia o público, conforme pode ver aqui, Elisa Ferreira disse num lar de idosos no bairro do Viso "Eu vou ao Parlamento Europeu (PE) assinar o nome. Quero é vir para cá para o Porto". Pergunto eu e devem perguntar muitos mais: Que exemplo é este que se está a dar?
Fica o reparo.

O Dia da Europa.

Foi há 59 anos, a 9 de Maio de 1950, que Robert Schuman, Ministro francês dos Negócios Estrangeiros, proferiu uma declaração no sentido da criação de uma União Europeia (redigida por Jean Monnet).Ver aqui.
Não seria na altura uma União Europeia nos moldes de hoje em dia. Não obstante, não deixou de ser um passo importantíssimo para o desenvolvimento de uma Europa forte, relativamente unida, e capaz de ombrear aqui e ali com os EUA, como é na actualidade. Não esqueçamos o estado da Europa em 1950. 5 anos pós-segunda guerra mundial, para não falar nos anos de guerras sucessivos, economias destroçadas, uma Europa financeiramente dependente do Plano Marshall oriundo dos EUA, uma Europa em busca do desenvolvimento comum a todos os países que a compõem.
Numa perspectiva nacional, posso dizer que sem a União Europeia, Portugal provavelmente seria um país com 20 anos de atraso relativamente aos demais europeus. Possivelmente até estou a atenuar esses anos de atraso.
Um facto é que a União Europeia foi fundamental, através do dinheiro disponibilizado aos seus Estados-Membros, permitiu a criação de infraestruturas que por sua vez possibilitaram todo um desenvolvimento interno. Para além do mais, o próprio limite imposto pela União Europeia de um défice não superior a 3%, acaba por ser benéfico, apesar de difícil alcance, para bem de alguma disciplina nas receitas e despesas de cada país.
Já que estamos na iminência de eleições europeias, deixo o repto. Votem!
Obrigado.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Papas Maizena: o remédio de alguns.

Posso dizer que considero este Governo, um bom Governo. O melhor desde que nasci e tenho consciência política. Muitos dirão: “Este gajo está parvo”. Não creio que esteja parvo. É normal que ao perguntarmos a qualquer pessoa a nota que daria a um Governo em fim de legislatura, a reposta será negativa. Não se pode, numa governação, agradar a todos. É quase impossível conseguir numa legislatura uma aprovação generalizada. Porém, numa análise comparativa, chegamos provavelmente à conclusão de que este Governo será dos melhores desde o 25 de Abril.

No entanto, este Governo falhou muito também e continua a falhar, e em coisas simples como declarações à comunicação social, reacções. Recentemente, o Ministro da Economia, Manuel Pinho, aconselhou Paulo Rangel a comer papas Maizena (ver aqui) para chegar aos calcanhares de Basílio Horta, isto depois de acesa querela entre aqueles dois. Depois disto, Vital Moreira, candidato socialista ao PE, reagiu e demarcou-se das declarações do ministro como podem ver aqui.


Desta história há a tirar dois pontos positivos e dois que mereceriam maior reflexão.
No lado positivo há a destacar Paulo Rangel que lançou uma medida concreta em prol dos estudantes europeus que procuram primeiro emprego e Vital Moreira que ponderou a sua reacção e terá respondido da melhor forma.

No lado susceptível de maior reflexão, encontram-se o Ministro e o Presidente da AICEP que tiveram reacções possivelmente pouco ponderadas, tendo em conta que o primeiro aconselhou num tom metafórico, Paulo Rangel a comer papas, e o segundo por ser quadro na Administração Pública a quem seria aconselhável maior imparcialidade.

Ainda algumas notas.

Pelo que li, Rangel terá tido razão na distinção do programa que apresentava relativamente aos do AICEP.

Extraordinária esta espécie de troca de galhardetes entre candidatos às eleições europeias. Foi o episódio do 1º de Maio e agora isto. Louve-se a calma e ponderação.

Fica o reparo.

sábado, 2 de maio de 2009

Agressões no 1º de Maio.


Em Portugal temos a oportunidade de festejar dois acontecimentos muito próximos (menos de uma semana) e que são relacionáveis. Se o dia 25 de Abril é o dia da liberdade, o dia 1º de Maio (festejado nos quatro cantos do Mundo, se bem que este não tem cantos) é o dia do trabalhador. Ambos se concretizam em direitos fundamentais.

Porém, há quem escudado na capa da luta do trabalhador oprimido exprime a sua raiva e rancor com violência, a arma dos fracos. Foi o que se passou ontem…

Vital Moreira, candidato pelo PS às eleições europeias foi agredido de modo vil e cobarde por alguns manifestantes que alinhavam num desfile da CGTP relativo ao dia do trabalhador. É deplorável o acto, condenável a postura de alguns.

O Professor terá sido recebido com hostilidade por alguns membros daquela manifestação por duas ordens de razões.

Primeiro, Vital Moreira fora militante comunista há 20 anos atrás. Quem abandona o PCP e se junta a um PS ou PSD, numa linguagem coloquial, está feito! Não é um ex-comunista, é um traidor. Palavras ditas aquando da agressão. Assim, Vital, carregando o pesado fardo do passado, foi recebido deste modo numa manifestação em que os militantes do PCP dominavam, assim como sindicalistas da CGTP, organizações cuja ideologia será dificilmente distinguível.

Em segundo lugar, Vital, como já disse, é candidato do PS, e só isso já chega para tudo. O raciocínio é mais ou menos o seguinte: "O Vital é candidato do PS, o PS é o Governo, logo o Vital é o Governo, O Governo é mau, logo o Vital é mau, toca a malhar no Vital."

Que espécie de ser humano pensará assim?
A única premissa que ali faz sentido é a primeira. Todas as outras são no mínimo discutíveis, para não dizer erradas. Uma coisa é discordar das ideias, dos candidatos, outra é partir para a agressão.

Passemos ao campo das reacções, excluindo o PS que obviamente se mostrou descontente.
O PSD, o CDS e o BE mostraram total repúdio pelos acontecimentos através dos seus candidatos ao PE. O PSD pareceu-me mais contundente, utilizando expressões como (se não é isto é algo parecido) “Enviamos daqui um abraço de solidariedade ao Doutor Vital Moreira e ao PS” e “Nisto estamos ao lado do PS”. Devo dizer que fiquei surpreendido.

Já o PCP e a CGTP tiveram reacções no mínimo rocambolescas. Se o líder do PCP disse que não falava no que não sabia, o líder da Unidade Sindical condenou tais actos mas com a ressalva de que isto mostra o descontentamento dos trabalhadores perante as políticas tomadas e que os visados deveriam reflectir sobre isto. Isto é, Vital Moreira deve reflectir sobre o facto de ser agredido…Como quem diz que o Vital deve mudar a sua atitude a menos que queira ser agredido outra vez porque às vezes as pessoas passam-se.
Em jeito de Dupond e Dupont.

"Muito bem. Diria mesmo mais. Muito bem."

Deixo um conselho: Tenham juízo.

Fica o reparo.

Alteração pertinente.

Este blogue já conta com quase 1 ano e 7 meses de vida. Começou a 13 de Outubro de 2007, com o texto “Norte e Sul: Falsa Questão?” e desde então foram feitos mais de 150 posts. Crescemos em produtividade, dado o incremento destes dois últimos meses, mas também crescemos em visitas. Com o tempo, este blogue vai amadurecendo, assim como os elementos que o compõem. Diria que assim como o Estado é as pessoas, este blogue é os elementos que nele escrevem e participam.

Posto isto, a maturidade exige uma alteração na minha identificação. Entrei neste blogue como o Senhor Doutor, e assim assinei até hoje. Porém, passo a assinar com o meu nome a partir deste dia, assim como elementos deste blogue já o fazem. O meu nome é Bruno Antunes, muito prazer.

O abandono daquele pseudónimo implica uma explicação para o mesmo. O nome “o Senhor Doutor” era no fundo uma homenagem a todos os doutores deste país, os que são, e os que acham que são, assim como os que são tratados como tal. Neste que é o país dos doutores.
Podem continuar a chamar-me senhor doutor, mas fica o meu nome.
Obrigado.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Campanha eleitoral

O vosso repórter está de volta para criticar a campanha política do Partido Socialista.

O primeiro aspecto da actual campanha que merece a minha critica, são os cartazes utilizados pelo Partido. Um cartaz apresenta uma imagem de Mário Soares durante a assinatura do tratado de adesão à CEE. Um segundo cartaz faz referencia à adesão ao Euro e apresenta uma imagem de António Guterres.
Parece-me que o Partido Socialista está a tentar colher os louros destes dois acontecimentos, no entanto a adesão à CEE começou a ser negociada em 1977 durante um Governo de coligação e passou por creio que 9 Governos diferentes. A criação do Euro foi estabelecida em 1992 com a assinatura do Tratado de Maastricht, passando por 2 Governos.
Eu diria que é um aproveitamento no mínimo incorrecto.

Em segundo lugar, surge hoje a noticia de que o Partido Socialista utilizou crianças de uma escola no seu tempo de antena, sem transmitir aos pais ou Director da escola a finalidade das imagens recolhidas. Não me parece que seja necessário qualquer comentário sobre este acto...

http://clix.expresso.pt/criancas-levadas-a-mentir-para-o-tempo-de-antena-do-ps--=f511913

25 de Abril por João Francisco

Tendo estado ausente durante o que alguns dizem ser demasiado tempo, estou de volta para apresentar a minha visão do que foi o 25 de Abril.
Em primeiro lugar, não querendo tirar o mérito aos que fizeram a revolução, penso que não poderiam ter feito um pior trabalho no período pós-revolucionário. Para ilustrar esta opinião posso apresentar os seguintes dados macro económicos:
  • no período entre 1960 e 1973, os salários aumentaram apenas 6.7%,
  • entre 1974 e 1975, altura em que a produtividade decrescia vertiginosamente os salários aumentaram 9%,
  • entre 1960 e 1973 a economia estava perto do pleno emprego,
  • após 1974 a taxa de desemprego e a inflação aumentaram consideravelmente,

O resultado final de todos estes percalços foram dois acordos com o FMI para evitar que o país entrasse na banca rota.

Mas como a economia não é tudo, pode-se falar também da independência das colónias. Eu diria que agarrar nas tralhas e abandonar os países em questão é um processo no mínimo incoerente. Se fosse possível voltar atrás no tempo podiam fazer o seguinte. Juntavam os lideres das diversas facções presentes em cada país, jogavam pedra papel tesoura e o vencedor ficava no Governo. Talvez assim se tivessem evitados guerras civis.

Politicamente o chamado pós revolução também foi um tudo ou nada conturbado. Felizmente, evitou-se aquilo que parecia uma substituição de uma ditadura de extrema direita, por uma de extrema esquerda.

Analisando agora os heróis da revolução, o aclamado Capitão Salgueiro Maia só abandonou Santarém quando tinha a certeza de ter o caminho aberto até Lisboa.

Pode-se dizer que um herói não aclamado da revolução foi o então Primeiro Ministro Marcelo Caetano, que percebendo que o regime já estava na lona, evitou um banho de sangue e abandonou o poder pacificamente. Senão vejamos, ele estava cercado no Quartel do Carmo, posição estrategicamente superior, possuindo possíveis atiradores nas diversas janelas e armamento suficiente para abafar a oposição. Na rua o cerco era efectuado por tanques desarmados e soldados sem treino, com armamento semelhante ao dos cercados. Não é preciso ser um génio para perceber quem tinha vantagem na eventualidade de haver uma troca de tiros.

Para terminar, gostaria de apresentar o aparente aproveitamento que algumas pessoas ainda hoje fazem do 25 de Abril. Vejamos, o Coronel Otelo Saraiva de Carvalho, foi aquilo a que o comum mortal apelida de terrorista. O resultado das acções terroristas por ele comandadas foram 3 meses de prisão e duas candidaturas às eleições presidenciais. No presente mês após ser promovido a Coronel e receber uma indemnização de 49800€, veio para os meios de comunicação social dizer que tudo não passava de uma benesse politica e que estava a ponderar processar o Estado.

Muito Obrigado.

Em nome da equipa do Um Blogue Do Caraças agradeço as referências que foram feitas relativamente a este blogue na blogosfera.

Desde logo, um agradecimento para aqueles que contribuiram nos últimos dias para o blogue através dos textos de Abril e por terem-nos referido nos seus próprios blogues.

Agradecemos também ao blogue Ma-Shamba por nos ter referido num artigo seu, apesar de já ter sido há algum tempo, e ao Café Odisseia por nos ter colocado na sua barra lateral.

Ainda uma referência para o facto de termos crescido em número de visitantes.

Um muito obrigado a todos.