quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Da (Nova) Ordem Internacional - Reflexões Soltas I

Ultimamente tenho reflectido sobre o estado actual do mundo. Da dita ordem, ou desordem, internacional, do seu significado e do seu possível futuro. Tenho sido acusado de pessimismo, fatalismo - qualidades ao que parece próprias de um senhor velhote no leito da morte e nunca de "quem tem a vida pela frente".
Tudo começou quando dei a minha, inusitada, opinião sobre a ONU. Afirmei considerá-la uma organização internacional pretensamente universal, suposta responsável pela manutenção da paz e segurança internacionais. Cujo real objectivo sempre fora desenvolver e sustentar uma nova ordem internacional no pós-guerra em beneficio dos seus vencedores (os cinco grandes, ou por outra, a URSS e os EUA). E que como tal, até esta, falhou redondamente o seu principal objectivo.
As Nações Unidas não só não se demonstraram em tempo algum capazes de garantir paz e segurança algumas, como foram ainda menos capazes de organizar qualquer ordem internacional. A verdade é que foi vitima de uma era conturbada. Uma era de oposição ideológica onde as novas potências procuravam desesperadamente uma nova forma de interacção.
Nessa medida a ONU, foi um fracasso. Teve grandes êxitos, claro está, nomeadamente na promoção do direito internacional, nas ajudas ao desenvolvimento e humanitárias e noutras áreas. Porém, não acredito que tenham sido seus êxitos a não eclosão de uma guerra entre as grandes potências, nem as independências e muito menos a paz relativa que hoje vivemos. No primeiro caso, devemos tudo à intimidarão nuclear, ao MAD e ironicamente à corrida armamentista. No segundo à mudança de paradigma, onde quem mandava acordava em poucas coisas, sendo uma delas o direito de auto-determinação. Aí poderei reconhecer à organização um papel de catalizador mas não de mãe das independências.
Quando digo que a ONU falhou, digo-o com um certo sabor amargo na boca. Entristece-me, embora não me surpreenda, constatar que o maior fórum internacional alguma vez criado, com grandes laivos de democraticidade, se tornou, após o conflito silencioso, o maior legitimador da ordem "ocidental". Tal como noutros tempos a Santa aliança ou o exército romano, o seu principal papel tornou-se manter a actual balança de poderes.
Bem... poderão discordar, dizendo que o seu papel não é esse que apenas é manipulada para tal. Pese embora isso poder ser verdade, o facto é que em termos práticos o efeito se não for igual é muito semelhante. Bem sei também que o Direito Internacional é um importante factor na construção da actual ordem visto que ele é tendencialmente respeitado. Resta saber até quando e se o Direito é ou não um agente do sistema, neste caso se ele não existe e serve os interesses de uns em detrimente dos restantes.
Existe ainda a questão da idade da organização. Reconheço que entre a sua criação e subida dos E.U.A. à posição de líder mundial passaram aproximadamente 45 anos. Acontece que enquanto assim foi o mundo era bipolar e aí a ONU nada podia. Tendo sido pouco mais que um palco de espectáculos onde se brincava à nova ordem internacional democrática. Tendo também servido pontualmente de marioneta ora nas mãos de um ou doutro bloco. Tendo ainda sido paralisada por inúmeras vezes pelos vetos, de uns e outros, que impediam o que quer que fosse de acontecer, ou já esquecemos os primeiros anos das Nações Unidas?

Correrá a Organização das Nações Unidas hoje o risco de desaparecer ou de se tornar obsoleta com a alteração de paradigma que se avizinha?


P.S.- Falo aqui da ONU, estando bem ciente, que esta não se cinge ao Conselho de Segurança. O leitor deverá no entanto compreender que para este post é a ordem internacional, logo o Conselho de Segurança, que importam.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Por uma Democracia Secular

Para aqueles que ainda não compreendem a sua importância


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Comentário às Eleições Legislativas de 2009.

Neste dia 27 de Setembro realizaram-se as eleições legislativas, por ventura aquelas consideradas como as mais importantes na medida que é através delas que os portugueses se vêm representados na Assembleia da República e que posteriormente se formará um Governo. Isto é, é a partir destas eleições que se conhecem os actores do poder legislativo e executivo.

Estas eleições tiveram os seguintes resultados (sem os votos dos emigrantes): PS (36, 56%) 96 deputados, PSD (29, 09%) 78 dep., CDS (10, 46%) 21 dep., BE (9, 85%) 16 dep., CDU (7, 88%) 15 dep.

Desde logo importa afirmar que a análise a estes resultados não deverá ser feita através de uma comparação entre as eleições de 2005 e as de 2009. Temos que ter em conta tudo o que aconteceu entretanto. Contestação, escândalos, sondagens, tudo…

Posto isto, passemos à análise partido a partido.

PS: Vence estas eleições com clara vantagem sobre o PSD (apesar de ter perdido deputados para todos os outros partidos) depois da onda de contestação gerada durante o mandato conferido em 2005, depois dos resultados das eleições europeias e depois de algumas sondagens terem previsto um empate técnico entre os dois partidos. Este facto sucede acima de tudo pela excelente campanha dos socialistas e a prestação convincente de José Sócrates nos debates. A prestação menos boa do PSD e da sua líder foram também preponderantes. No entanto, estas eleições trazem algum “amargo de boca” ao PS. Por um lado o PSD e o CDS juntos têm mais deputados que o PS. A pergunta que se coloca é se correrá o PR o risco de convidar a governar os dois partidos de direita. Creio ser difícil tal cenário pois debilitaria a imagem do PR e contaria com uma oposição dilacerante da esquerda em maioria no Parlamento. Por outro lado, o PS (afastado que está o cenário do Centrão) só consegue ter maioria absoluta com o CDS, algo que também parece muito complicado pois este partido parece não estar disposto para tal. O PS parece estar numa situação em que governará sozinho tendo de contar necessariamente com outros partidos para viabilizar diplomas importantes como o Orçamento de Estado. Não esquecer a possibilidade de uma moção de censura, se bem que importa não esquecer 1987 em que “saiu o tiro pela culatra” ao PRD.


PSD: Estrondosamente derrotado (apesar de ter ganho 3 deputados) pois não soube capitalizar para si a onda de contestação em torno de Sócrates e do seu Governo. Essa contestação traduziu-se sobretudo em votos nos outros 3 partidos. O PSD não fez uma boa campanha e prestação de Manuela Ferreira Leite nos debates não foi a melhor conforme já escrevera aqui no blogue. Mesmo com o resultado do CDS dificilmente formará Governo até porque não surgiram afirmações que sequer pudessem pôr sobre a mesa esse cenário. Está neste momento em causa a permanência da líder do PSD enquanto tal. Provavelmente dever-se-á manter até às eleições autárquicas, mas será dificílimo continuar a liderar, isto apesar de o PSD provavelmente ganhar as eleições (que é um dado recorrente e que não decorre normalmente da performance do líder).


CDS: Bons resultados para este partido que nas sondagens se encontrava bastante atrás. Bons debates e campanha de Paulo Portas que conseguiu chegar a mais de 10%. Será um elemento fundamental neste novo Parlamento. A ver vamos em que moldes.

BE: Apesar dos 16 deputados eleitos e de ter duplicado o número relativamente a 2005, este resultado deverá desiludir os bloquistas, apesar de alguns manifestarem agrado perante tal cenário. É que em todas as sondagens o BE aparecia destacado em 3º lugar e mesmo nas sondagens à boca das urnas parecia que poderiam eleger 20 deputados. O papel fundamental que poderiam ter na AR fugiu para…o CDS.

CDU: Ganhou um deputado mas mantém o papel que obteve em 2005. O eleitorado comunista é pouco móvel e por isso não surpreende este resultado.



Convém ainda fazer dois apontamentos.

Em primeiro lugar importa lembrar os números da abstenção. 39, 4% dos cidadãos eleitores não votaram, o que é muito. São números que deverão suscitar reflexão aos eleitores e aos eleitos.

Em segundo lugar é necessário fazer uma referência às sondagens que têm falhado demais, mesmo à boca das urnas, algo que me parecia pouco provável.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Cenários.

Escrevi este texto no domingo para a rúbrica semanal no Laranja Choque. Fiquem com o meu ponto de vista acerca de uma sondagem recente relativa às eleições legislativas.

Já me perguntei sobre a real utilidade das sondagens para as pessoas num texto que pode ver aqui. Por isso, não vou aqui discutir esse tema. O tema também envolve sondagens mas de um modo diferente.

Como se costuma dizer, e é muitas vezes dito pelos políticos, as sondagens valem o que valem, mas não deixam de mostrar tendências de voto. Recentemente surgiram novas sondagens que provavelmente já demonstram as reacções dos portugueses aos debates entre os líderes de cada partido/coligação com assento parlamentar.

Uma delas, a da Universidade Católica para a Antena 1, RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias, dava para além da vitória do PS nas eleições, uma possibilidade que ainda não havia sido avançada por nenhuma sondagem recente. A possibilidade de dois partidos (que não o PS e o PSD) conseguirem formar uma maioria absoluta em coligação. Na realidade, o PS nesta sondagem dispõe de 38% e o BE de 12%, juntos formam mais do que o nº de votos necessário para a tal maioria. Assim como o PS e a CDU juntos formam 45%. O que também será suficiente. A pergunta que se coloca é: Estará Portugal preparado para um Governo de Coligação entre um partido de centro-esquerda e outro de extrema-esquerda? Não creio que esteja, apesar de se dizer que em Portugal a maioria das pessoas é de esquerda (entenda-se do centro para a esquerda). Aliás, nem creio que os líderes dos dois partidos apontam esse caminho como solução. Mais depressa governará o PS sozinho.

No entanto, mesmo que estas sondagens acertem na muche, o PS pode não conseguir governar. A razão para tal afirmação encontra-se vertida nos resultados que a sondagem aponta ao PSD e ao CDS-PP. Juntos conseguem 39% por virtude da soma dos 32% do PSD e dos 7% do CDS-PP. Estes 39% dão a essa possível coligação (bem mais plausível que a do PS-BE, ou do PS-CDU) um ponto percentual acima do PS. No entanto, existem dois pontos contra este cenário. Por um lado não creio que o PSD apreciará uma coligação pós-eleitoral que nem sequer é suficiente para formar uma maioria absoluta. Para que é que o PSD quereria levar o CDS para um Governo de Maioria Relativa onde teria que ceder pastas ministeriais e afins? Responderão possivelmente: Para ganhar as eleições. Bem visto, é um facto. Esse é o único cenário passível de levar o PSD para o Governo (repito se o cenário destas sondagens se verificar) afastada que está uma coligação com o PS, CDU E BE. No entanto, avanço mais um dado. O PSD só durante 2 anos governou em maioria relativa. Foi de 1985 a 1987. É possível que essa falta de hábito se concretize numa inibição de se lançar para este projecto de Governo em maioria relativa. Por outro lado, mesmo com aquele 1% acima do PS, isso pode não ser suficiente para ter mais deputados que os socialistas. Esta situação constitui um empate técnico.

Perante este cenário, parece-me que o panorama mais plausível será o de o PS governar sozinho tendo de contar com o apoio dos vários partidos para conseguir prosseguir com as suas políticas. A ver vamos.

"Agarra que é ladrão!" terão dito.

Vi agora no Público online que o quadro "Olympia" de Magritte foi roubado num Museu de Bruxelas. A senhora retratada é jeitosa mas creio que a real motivação para este roubo foi outra, o seu valor monetário. Vai daqui o desejo de que encontrem o quadro. Fiquem com a imagem de uma senhora dos anos 40 (a esposa de Magritte).

Bonita pintura, não acham?

O Clube.


Vejo por estes dias alguma preocupação de muita gente com o momento do Benfica. Vejo gente a escrever em jornais a sua inquietação com a euforia desmesurada em torno deste clube alegando que é sol de pouca dura e que todas as expectativas sairão, mais tarde ou mais cedo, goradas. Vejo gente a ir a programas em que alegadamente se discute futebol afirmar que o Benfica começa a ter direito a decisões muito duvidosas, algo que faz adivinhar uma época em que o clube da Luz vai ser levado ao colo. Vejo tanta gente que “tão distinta” e depreciativamente afirma que o Benfica é o clube do “povão”, como se isso fosse algum problema. Vejo esta balbúrdia de comentários de todos os lados mas maioritariamente de dois clubes. Um que ganhou nos últimos 10 anos 6 campeonatos de forma duvidosa (duvidosa é um eufemismo engraçado) e que nos anos 90 conseguiu um penta sabe-se lá como. Ou saber-se-á? O outro tem uma dificuldade imensa em galvanizar gente, em encher estádios, em jogar bem, no fundo, em ser um clube. Olha por isso com desdém para o outro lado da rua. FC Porto e Sporting deviam, em vez de criticar o Benfica, olhar para si, para os seus jogos, e procurar soluções. Todo este burburinho só surge porque o Benfica enche estádios e joga que se farta. Tudo isto acontece porque o Benfica é um grande, é O Grande, é O Clube.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Legislativas 2009.

A Campanha eleitoral anda aí e já muito se viu acerca do que cada partido alega querer para o país e o que cada líder alega e quer parecer aos olhos do eleitorado. Nesta semana decisiva para os candidatos a deputado para a AR proponho-me a fazer um exercício de avaliação da prestação dos líderes dos partidos representados na AR quer nos debates (que foram substancialmente bons), quer nas entrevistas dos Gato Fedorento, quer também nas suas acções de campanha, arruadas, cartazes, etc.

Quanto aos debates, ordenaria numa classificação do 1º ao 5º lugar (do que esteve melhor ao que esteve pior) os seguintes nomes.

1º Paulo Portas
2º José Sócrates
3º Francisco Louçã
4º Jerónimo de Sousa
5º Manuela Ferreira Leite

Apesar de assim ordenada, esta classificação poderá conter meios empates por assim dizer. Isto é, há nomes que podem estar muito perto no que ao desempenho diz respeito mas acabam por ter classificações distintas. Caso disto é o de Portas e Sócrates que estiveram bem em todos os debates, vencendo-os com alguma tranquilidade. É no debate entre ambos que poderá haver uma nano/mini/micro/pequena/média diferença (surripiando a bem apanhada crítica dos Gato Fedorento). Neste debate Portas terá levado a melhor a Sócrates ainda que por muito pouco. De resto, outro facto é o de Portas ter ganho mais confortavelmente os debates com os restantes líderes que Sócrates. Em suma boa prestação de ambos. Outro caso de meio empate ou empate técnico é o de Jerónimo de Sousa e Manuela Ferreira Leite mas para pior. Jerónimo não tem o dom da oratória, ou pelo menos não o mostrou, o que não é necessariamente mau, porque assim não engana ninguém com artifícios, mas num debate faz falta. Manuela teve alguma dificuldade em se exprimir e nos debates que tinha que ter ganho parece ter perdido, designadamente com Portas que dominou. Segundo dizem e consigo concordar, Louçã prometia mais mas creio que o 3º lugar não lhe escapa.

Quanto às entrevistas dos humoristas, todos estiveram bem. Não se esperavam tiradas humorísticas monumentais de políticos. Esperava-se antes a sua presença e todos foram e esperava-se também alguma boa reacção às críticas pintadas de piada. Os que melhor se safaram foram, parece-me, Sócrates e Portas. O primeiro teve algum benefício da dúvida por ser o primeiro e partilhou algumas histórias na sua vida de político e nesse aspecto Jerónimo de Sousa portou-se muito bem também. Já Portas lidou muito bem com as perguntas que lhe foram colocadas e aquela do táxi foi muito bem agarrada. Os restantes não andaram longe.

Quanto a campanhas, o PS parece ser o partido com a máquina propagandística mais bem oleada. A quantidade de gente naquela espécie de comícios é enorme. A CDU conseguiu juntar também muita gente no Porto o que não deixa de ser de valorizar. O CDS-PP faz aquelas habituais arruadas com cumprimentos para tudo e todos e parece capitalizar muitos votantes entre os mais desfavorecidos, o que não deixa de causar surpresa. Poderá ser mera aparência mas dia 27 veremos se assim é. Os restantes cumprem sem grande alvoroço.

Há a salientar um aspecto relativamente importante das campanhas, os cartazes. Os cartazes não dizem muito. Muitas vezes contêm um slogan com aquilo que as pessoas querem ouvir. Porém há cartazes bastante engraçados nesta campanha. Destaco dois. O do MMS e o do BE que também tem um tempo de antena fora do comum. Quando digo "fora do comum" não digo mal “enjorcado” como o do PTP.




Já que falo de campanha, importa dizer que as últimas querelas entre PS e PSD relativamente a quem é patriota e conservador e quem não é patriota e moderno constituem um exercício de desconversa gritante. Algo que agora deverá ser prática comum. Todos os partidos vão agarrar em todas as tábuas de salvamento que puderem, nem que sejam meramente artificiais. Espero alguma contenção e ainda alguma troca de ideias.

Votem!

domingo, 20 de setembro de 2009

Volta a Portugal: Que Futuro?

Há já alguns meses escrevi este texto na rúbrica semanal que faço aos domingos no Laranja Choque. Anunciei depois que aqui o iria publicar. Perdoem-me a demora. Apesar de tudo, este texto vem em boa altura quando se desconfia que o vencedor da prova tenha usado dopping, o que não prestigia este campeonato, e mais do que isso, o ciclismo em geral. Aqui está o texto.

O ciclismo é uma modalidade interessante, creio ser daquelas em que o esforço do atleta é mais desgastante. De vez em quando lá pratico este desporto e sinto como é preciso muito empenho para enfrentar lombas, subidas, descidas, rectas, curvas, tudo e mais alguma coisa. Portugal tem alguma tradição neste desporto contando com um grande nome do ciclismo Mundial, o já falecido Joaquim Agostinho. Neste sentido, já existe há 71 edições a Volta a Portugal em bicicleta. É uma boa marca e espera-se que continue a realizar-se ano após ano.

No entanto, é uma prova relativamente menor no panorama do ciclismo internacional. O Tour de França, a Vuelta de Espanha e o Giro de Itália ocupam com distinção os lugares de topo desta modalidade, com maior relevância para o primeiro. São provas de intenso sacrifício, com semanas de extensão e contam com a participação dos melhores ciclistas mundiais. Nem sei se à frente de Portugal não estarão outras provas no panorama internacional, é bem provável que estejam. Será possivelmente o caso da Polónia e outros países da Europa que têm maior notoriedade nas suas provas de ciclismo que Portugal. Um razoável barómetro para verificar se de facto determinada prova é forte ou não é a transmissão num canal de televisão internacional, como é o caso da Eurosport.

Para além disto, a Volta a Portugal, que já teve alguma mística, perdeu-a um pouco. Hoje em dia a Volta a Portugal, que no seu site se refere a uma volta que “cativa o país de Norte a Sul”, parece não fazer jus ao que refere. Para esta conclusão retirar é suficiente analisar o mapa da prova.


Sabem qual é o ponto mais a sul por onde a Volta a Portugal passa? Eu respondo. Lisboa, e é apenas no Prólogo que tem pouco mais que 2 quilómetros. Tendo em conta que Lisboa é do centro sul…Onde está o sul? Uma Volta a Portugal tem necessariamente de cobrir de modo razoável o país inteiro. Não se exige que se corra cidade a cidade. Porém, passar no Alentejo, no Algarve, ter um final em grande na capital parece já ser exigível.


Outro ponto onde a Volta perde para as demais provas de ciclismo é o nº de etapas e duração. A prova tem 10 etapas, o que é manifestamente pouco para uma prova internacional. Este campeonato de ciclismo serve assim como um mero treino para aqueles que querem participar em outras provas.


Porém, não ficam por aqui os fundamentos para o insucesso desta prova. Lembro-vos ainda um outro problema. A adesão a uma Volta a Portugal deriva imensamente da participação do Benfica. É uma ideia que fica. Normalmente quando assiste ao ciclismo um espectador quer ver o ciclismo enquanto desporto. Porém, por cá, com a tradição de participação dos grandes do futebol (Benfica, Porto e Sporting) no ciclismo a atenção centra-se nas equipas, algo que lá fora e mesmo cá não será possível relativamente às demais equipas na medida em que as mesmas são empresas sem qualquer matriz ou massa adepta e muitas vezes mudam de nome de acordo com o patrocinador. O Porto e o Sporting já não participam nesta prova há alguns anos. No entanto o Benfica de vez em quando lá surge com uma equipa de ciclismo que é acompanhada de perto por muita gente, não fosse um enorme clube nacional. Esta participação dá relevo ao ciclismo e engrandece a prova. Este ano o Benfica não participa. Lamento.


Contudo, não podemos cruzar os braços e resignarmo-nos ao facto de Portugal ser um país pequeno e periférico, não procurando formas de tornear de algum modo esses pontos fracos, essas fragilidades. Há que granjear esforços e encontrar um modo de tornar a prova mais apelativa e fazer com que tenha maior notoriedade. Não culpo a organização da prova, aliás o seu trabalho é de valorizar. No entanto, creio ser fundamental uma melhoria a bem do ciclismo nacional.

sábado, 19 de setembro de 2009

Toca a votar

Seguindo as sábias palavras de John F. Kennedy:
"...ask not what your country can do for you - ask what you can do for your country."

Aproveito também para apresentar aqui neste mesmo espaço o artigo 49º da Constituição da República Portuguesa:
Artigo 49.ºDireito de sufrágio
1. Têm direito de sufrágio todos os cidadãos maiores de dezoito anos, ressalvadas as incapacidades previstas na lei geral.
2. O exercício do direito de sufrágio é pessoal e constitui um dever cívico.
Após esta breve introdução penso que é por demais evidente a razão que me traz de novo a tão nobre espaço. É verdade, venho apelar a todos os cidadãos Portugueses, leitores ou não deste blogue, que dia 27 de Setembro levantem o rabiosque do sofá e votem!
Em 2005 houve uma abstenção de 35.74%, recentemente nas eleições Europeias este valor foi ainda maior. Aquela conversa de que o meu voto não faz diferença, de que PSD ou PS é tudo igual tem de acabar. Se o Povo Português quer criticar legitimamente quem está no Governo, tem de abandonar esta atitude de inércia e votar. Em 2004 concorreram 11 partidos, em 2009 concorrem 15 partidos, existem mais hipóteses de escolha em todo o espectro político. Se nenhum destes 15 partidos apresentar propostas aceitáveis votem em branco. Assim podem dizer que não concordam com a política feita em Portugal, mas que demonstraram o vosso desagrado da maneira correcta.
Uma pequena pergunta para terminar. Será que o Deco, o Pepe e o Liedson vão votar? Não que eu tenha algo contra a sua presença na Selecção Nacional. Legalmente eles são tão Portugueses quanto eu.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sugestão de Campanha

Hoje acordei, vi o telejornal e concluí que a campanha do PSD está muito fraquinha - aliás estão todas. E visto que hoje já nem se faz política em Portugal nem sequer campanha legislativa gostaria de sugerir que o PSD juntasse à sua campanha anti-Sócrates a seguinte musica/vídeo.



É que a mensagem passa na mesma, a côr também, e é preciso ver que a senhora sempre tem algo de apelativo. Fica a sugestão.

There's No School Like...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Lembro-me bem disto.

Era eu pequeno quando assisti em directo pela televisão aos atentados do 11 de Setembro. Ficam as lembraças e o desejo de que tal ataque à vida nunca mais repita .


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Tenho Saudades...

Faz-me falta muita coisa: pessoas, lugares, sons, ocupações... Uma ocupação que me faz especial falta é escrever. Escrever mesmo. Agarrar de um bocado de papel, de um lápis ou caneta e escrever. De corpo e alma, nada de testes, nem trabalhos, nada de PC's ou telemóveis, escrever simplesmente - só eu e o papel.
Essa saudade que sinto é para mim particularmente paradoxal. Por um lado nunca, desde que me lembro, nunca gostei de escrever, detestava fazê-lo. Nunca tive uma caligrafia aceitável. Talvez tenha sido por isso. Talvez por causa da censura de todos os que alguma vez se entretiveram em descodificar um teste meu, uma composição ou mesmo um impresso que tenha preenchido. Por outro lado, e verdade seja dita, sempre tive um computador como alternativa. Talvez tenha sido isso e alguma preguiça que tenham impedido a maturação da minha relação com o papel.
A verdade é que hoje me dá muito mais gozo escrever num qualquer pedaço de papel solto, por mais vagabundo que seja, do que num ficheiro de word em branco ou no blog, mesmo com as comodidades do corrector automático. Desprezo esta maldita evolução tecnológica, malditas aulas de informática, malditos magalhães!
Será que um homem já não pode sequer aprender, compreender e aprofundar a sua relação com o papel antes de ter que procurar o conforto das teclas para se tentar exprimir?
Descobri já tarde este regozijo, por mais fortuito que possa ser, e com grande pesar. Não sei se a felicidade de o ter conhecido ultrapassa a infelicidade que se lhe segue: saber que tudo isto não passa de uma perda de tempo, que não é funcional e que já ninguém lê coisas escritas, nem liga ao papel a menos que tenha passado por uma impressora. Hoje em dia nenhuma ideia pode ter qualquer valor se não for martelada num computador. Já não se escreve, ou se martela ou nem vale a pena o trabalho.. É triste.
É por isso com a nostalgia de um tempo que nunca conheci e que não creio vir a ter tempo de conhecer que escrevo estas linhas. O mundo está a perder uma grande instituição e nem se apercebe e muito menos se rala com isso.
Lamarck, como sempre prevalece: Ou nos adaptamos ou morremos. É inevitável.
E por isso decidi prestar uma última e (primeira, no que me diz respeito) homenagem à escrita. A todos os que a preservaram nos últimos milénios. A todos que como eu sentem a sua falta, que imaginam um escritor com um caderno em vez dum computador. E por fim, a todas as identidades que perdemos e perderemos com o fim da escrita. É que todos esquecem que a escrita definia e identificava as pessoas. Como qualquer outro elemento, desde a íris à impressão digital, era única à pessoa em questão e fazia parte da sua identidade.

NOTA:
-O texto original foi escrito num caderno há muito tempo e decidi agora transcrevê-lo.
-Imagem tirada daqui

Piada do Dia

Disse Manuela Ferreira Leite: "Acho que há asfixia democrática no continente" ... ao que parece na Madeira não!

Sim Sra, esta campanha legislativa não deixa de surpreender.

Reza e Vela à Santa Padroeira dos Telejornais



Cara Santa Manela,

Por si e por nós acendo esta vela. Venho pedir-lhe que nos guie que estamos perdido! Salve este país que agora se viu delapidado... sem si ninguém parece ser capaz de produzir um telejornal de excelência... Já não falo de um por sexta mas pelo menos um por mês! Por favor nomeie o seu seguidor e guie-o para um caminho iluminado por si!

Amém,

P.S.- Sei que está sempre connosco, até ao seu regresso!


sábado, 5 de setembro de 2009

O Caos.


Fim do Jornal Nacional de Sexta da TVI. A minha primeira reacção: Finalmente!
De repente oiço meio Mundo falar em falta de liberdade de expressão, de asfixia democrática. Na realidade, se a suspensão daquele serviço noticioso/político tem por base uma decisão governativa então caminhamos para um local pantanoso. Porém, nada está provado nesse sentido, aliás surgem informações de que a decisão foi tomada pelos donos da empresa que detém a TVI, resta saber se pressionados se não. Ademais não esquecer o principal prejudicado por esta situação: O PS.

A maioria dos portugueses vai achar que foi Sócrates que mandou cancelar o pseudo-jornal de Manuela até porque por um lado a maioria dos portugueses assiste ao Jornal Nacional, qual romaria, e por outro lado o próprio Sócrates semeou os ventos que resultaram nesta tempestade que é a provocação notória que a TVI lhe tem feito de há uns meses para cá. Nem a inclusão de Pina Moura na Media Capital o safou. Aliás, o mesmo Pina Moura veio há tempos elogiar o programa de Governo do PSD. Só desgraças para Sócrates.

Creio que grande parte dos portugueses está a assistir a isto tudo observando apenas um lado. O da pobre e justiceira Manuela que foi retirada do seu digno posto de trabalho e que já conta com vigílias de solidariedade dos seus altruístas colegas. “Maldito Sócrates!” pensarão alguns. No entanto convém prestar atenção ao que se foi passando na TVI. Foram as informações relativas ao Freeport e toda a informação noticiada pela TVI já imbuída de algum espírito tendencioso que espoletaram toda a querela existente entre o PS/Sócrates e a TVI.

Nas palavras de Paulo Baldaia no JN "Asfixia democrática é jornalismo sem regras. Já que andam todos com tanta coragem, alguém está disponível para impor responsabilidade? É que é muito bonito viver à pala do ataque gratuito ao poder para parecer jornalista isento, mas o povo não ganha nada com isso".

Resta esperar para ver até onde isto vai. Resta descobrir se estamos perante um caso de censura ou de jogo político.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

À espera do dia

Eleições

Para aqueles que ainda têm dúvidas quanto à sua orientação política ou em que partido votar, aqui vai um link para a bússola eleitoral apresentada pela SIC.

http://sic.sapo.pt/online/noticias/portugal2009/multimedia/bussola-eleitoral.htm