quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Estado em que vivemos.

Tenho por hábito o visionamento de noticiários principalmente no canal público sendo que por vezes também vejo os dos outros canais privados. Faço-o porque tenho a necessidade de estar informado das notícias nacionais e internacionais. Por vezes a qualidade dos noticiários é discutível mas não é esse o assunto de que vou tratar neste texto.
O assunto sobre o qual vou escrever é o Estado, mas não, não vou fazer longas dissertações acerca do mesmo nem escrever sobre todas as noções que um ou outro autor defendem acerca do mesmo. Comecei por referir os noticiários porque de facto importa colocar esta questão: Quantas vezes até o mais desinteressado telespectador (acerca do noticiário) já foi bombardeado com queixas de pessoas acerca do Estado e os benefícios e regalias que este “deve” a essas pessoas? A resposta é muitas, mas muitas mesmo.
Deparo-me com frequência com notícias acerca de cidadãos que se queixam do Estado por este não lhes dar uma “casinha” ou um subsídio ou outro benefício qualquer. Porém, são alguns desses cidadãos os primeiros a fugir aos impostos ou fisco, a não votar ou a atirar lixo para o chão.
Mas que moral tem aquele que foge aos impostos para se queixar do Estado? O Estado são as pessoas e se nós não contribuímos para este, o mesmo não nos pode ajudar e contribuir para uma melhoria da qualidade de vida de todos nós, o bem estar social. O Estado existe para as pessoas mas as pessoas também têm que fazer um esforço para o Estado existir. Não falo de um Estado totalitário usurpador de direitos mas também não falo de um Estado facilitador a todos os níveis que não merece qualquer respeito, que apenas serve as pessoas. A verdade é que estamos numa fase em que o Estado social ou o Estado providência está a desaparecer. Contudo ainda existe uma preocupação social por parte do Estado e para o manter é necessário o esforço de todos.
Há pouco falei de abstenção das pessoas. Esta tem estado a níveis bastante elevados o que demonstra a o desinteresse das pessoas pelo Estado ou pelo conhecimento sobre quais serão os órgãos políticos que as irão governar. Tomemos por exemplo as mais recentes eleições para a Presidência da Câmara de Lisboa para a qual existiam muitos candidatos. Apesar disso a abstenção foi elevada. Os que não votaram arranjaram inúmeros motivos para não votar mas de facto um dos factores que mais pesou foi o desinteresse por parte das pessoas pelo Estado. Também falei de outra demonstração de desinteresse pelo Estado, o acto de atirar de lixo para o chão. Os que o fazem são dos primeiros a criticar a Autarquia ou o Estado por não limpar as ruas.
Tudo isto é exemplo do que tenho referido como alheamento do que diz respeito ao Estado.
Por isto espero que a conduta das pessoas se altere e comecem a ter consideração por essa figura que não é um “pai” ou uma figura de apoio ou de beneficência, mas algo que nos “ajuda” e merece “ser ajudado”.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Há pouco falei de abstenção das pessoas. Esta tem estado a níveis bastante elevados o que demonstra a o desinteresse das pessoas pelo Estado ou pelo conhecimento sobre quais serão os órgãos políticos que as irão governar."

O Sr. até tem razão, mas não acredito que tão elevada abstenção se deva apenas a "desinteresse" das pessoas. Penso, aliás, que tal se deve, principalmente, ao pobre espectáculo que assistimos à pouco mais de 30 anos. É normal que o povo português se sinta enganado, por todas as promessas não cumpridas que lhes foram feitas por políticos ambiciosos. É normal que se sinta desiludido com o parco crescimento económico (que, vá lá, não é culpa, apenas, do Estado), com os elevados impostos vs a qualidade dos serviços oferecidos em troca destes...Com o desaparecimento "misterioso" de milhões e milhões de euros de ajudas comunitárias ao desenvolvimento, com o lastimável estado da Justiça, com forças de segurança deficientes. A desilusão impera pelo país fora. É normal que muitos mandem lixar o Estado, não?

Bruno Antunes disse...

Resposta ao Mouro:

Até acredito que as pessoas estejam desiludidas relativamente ao trabalho dos políticos que de facto poderá ser interpretado como insuficiente. Porém, existe a hipótese de se demonstrar essa desilusão se se levantarem, puserem-se a mexer e votarem em branco como sinal de protesto. a solução não é ficar parado.