sexta-feira, 17 de abril de 2009

Eleições Europeias 2009.

Estas eleições têm sido alvo de comentários maioritariamente negativos, seja pela suposta fraca notoriedade dos cabeças de lista, seja pelo interesse que suscitam no cidadão comum português, seja porque são em Junho e a malta quer mas é ir para a praia ou...estudar.
Por isso, passo a uma análise das eleições em geral e das listas dos partidos com assento parlamentar em particular.

As europeias suscitam-me sempre interesse. Podem ser aquelas eleições em que está mais de meio Mundo a marimbar-se para as mesmas, mas para mim revestem enorme importância. O Parlamento Europeu é um dos órgãos mais importantes da União Europeia e ganhará importância com o Tratado de Lisboa. Sim é um facto, o Tratado ainda vai vigorar acreditem, e não sou só eu que o digo. Até posso estar enganado mas não creio.
Ora, se este é um dos órgãos mais importantes com funções como a adopção de actos legislativos europeus, controlo democrático e o poder orçamental, porque mereçerá menos respeito que as eleições nacionais? A resposta é bastante simples. Por um lado só um cidadão minimamente interessado encontra informação sobre o que é debatido naquele lugar. Se para encontrar informação sobre a nossa AR basta no fundo abrir o site do Expresso, para encontrar sobre o PE, possivelmente a busca será maior, a menos que seja uma bacorada monumental lançada por um qualquer eurodeputado, ou um insulto, ou uma palhaçada qualquer. Depois, há aquela ideia muito estranha de que aquilo é outro Mundo, e que não nos afecta. Nada mais falso. Depois admiram-se de cortes nas pescas e na agricultura.
Posto isto aviso à navegação. Votem, mas votem mesmo!

Cabe agora analisar cada um dos candidatos a estas eleições, a ordem será a do nº de deputados no Parlamento nacional por ordem descrescente.

O PS lança Vital Moreira. Já ouvi dizer tudo e mais alguma coisa acerca deste senhor. Provavelmente para o cidadão comum português com menos de 30 anos, seja um ilustre desconhecido. Porém, é um mero engano. Antigo deputado pelo PCP, e juiz do Tribunal Constitucional, este senhor é ainda conhecido no Mundo do Direito como Professor. Este nome causou surpresa, mas é uma aposta nos votos à esquerda por parte do PS que quer recuperar aquele eleitorado. Fica a dúvida sobre se este era o nome certo. O slogan escolhido “Nós, europeus” pareceu-me adequado. No entanto, aquela prespectiva ainda pouco europeísta do português médio poderá não ser receptiva à mensagem. Creio, com muita dúvidas, que consegue os 25-30% que o PS normalmente garante. A ver vamos se consegue algo mais até porque há que ter em conta o possível cartão amarelo que é usado em eleições como estas (se bem que é mais frequente nas autárquicas) para mostrar descontentamento perante medidas governamentais.


O PSD avança com um nome que há um ano atrás só conhecia dos debates na RTP, creio que era o Estado da Nação, o programa onde o senhor entrava. Com a entrada de Manuela Ferreira Leite em cena, Paulo Rangel passou a ser um nome mais conhecido por se ter tornado Líder da Bancada Parlamentar do PSD. É uma grande dúvida mas tal como Vital, deve garantir o eleitorado habitual do PSD mas será que consumirá eleitorado socialista? Não sei até porque carregará consigo a imagem de Ferreira Leite por quem tenho o maior respeito mas que, de acordo com as sondagens, não tem sido um polo dinamizador. Contar ainda com o candidato do PP é também importante e é a esse que passaremos.


O PP escolhe Nuno Melo para a luta europeia. Parece ser um nome forte para os recursos do partido, mas daí a ser um nome forte para o português comum vai um passo. Aliás tanto o PP como o BE escolheram nomes que são fortes no interior do partido, mas que não sei se conseguirão ter o apoio proporcional nas eleições, ao que têm no aparelho partidário. Voltando a Nuno Melo, poderá, a revelar-se um forte candidato, ser uma séria ameaça ao PSD mas recordo que ambos os partidos elegem deputados que vão para a mesma família política, o Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e Democratas Europeus.


O PCP lança Ilda Figueiredo, o que constitui uma aposta na constinuidade. É de facto, digamos, diferente, ter um candidato a um órgão de uma Organização na qual não se acredita mas consigo perceber o propósito. Quanto a resultados creio que conseguirá o resultado habitual do partido até porque o eleitorado comunista é pouco móvel.


O BE também apostou na continuidade de Miguel Portas, o nº 2 do Partido. É um sério critico da Europa e poderá ser um candidato a ter em conta pelo PS que poderá perder votos numa eventual amostragem do cartão amarelo ao Governo.

Em suma, estas eleições são uma quase-incógnita. Sê-lo-ão até sairem as sondagens, algo que não aprecio muito (como já aqui no blog escrevi) mas com as quais estou habituado a conviver. Que vença o melhor.

Em jeito de conclusão espero que a abstenção seja reduzida desta feita, embora não esteja iludido. A não participação deve andar aí na ordem dos 50/60%.

Votem!

Obrigado.

1 comentário:

Nuno Castelo-Branco disse...

Espero que esteja um belo dia de sol, sem vento. Lá vou eu para a praia. rebolarei de gozo se a abstenção for superior a 60%.


P.S. Não sou europeu. Não passo de um branco/preto de Moçambique.