domingo, 15 de março de 2009

Crise e os seus efeitos IV.

Carros, automóveis, bólides, veículos, popós (para as crianças), viaturas e “coches, muchos coches”.

Ao que parece em Espanha, país em recessão, os governos autónomos e nacional, utilizam nada mais, nada menos do que 2.220 automóveis.

Notícia original, no Jornal El Mundo, em castelhano.:


http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=129083

Perguntar-me-ão “automóveis da marca Opel, Renault, Volkswagen, Ford, Fiat?”. Não, apesar de estas serem todas marcas muitíssimo respeitáveis, os veículos dos governantes espanhóis são Audi na sua grande maioria, aliás, Audi A8, existindo ainda BMW’s, Mercedes, entre outros. Digamos que é uma gama considerável, em correcto português “um luxo”.

Imagem tirada daqui

O que é interessante é que os governos regionais têm mais carros que o governo nacional. Estranho ou não, este é um facto e está a deixar os espanhóis ligeiramente aborrecidos com tanto gasto.

Para o leitor ter uma ideia cada um de alguns destes carros custa a módica quantia de € 100.000, isto é uns singelos $20.000.000. Um preço que dá para pagar uma casa, que ainda que pequena, não deixaria de se ser adequada à instalação de uma família, espanhola, portuguesa ou de outra nacionalidade qualquer.

Na realidade, poderemos nós portugueses sentir (des)contentamento por este gasto espanhol? É que tal como Portugal, Espanha é um Estado-membro da União Europeia que beneficia de quantias avultadas para as quais todos nós, cidadãos europeus, contribuímos. Muito bem, ainda estamos um pouco longe da Europa Federalista em que, aí sim, “o caldo poderia entornar”, mas ainda assim será isto admissível?

Por outro lado, este dinheiro oriundo da União Europeia não deverá ser dirigido às despesas com transportes dos governantes, terá antes outros destinos.

Em suma:

Terá um Governo autoridade moral para gastar tanto dinheiro em automóveis a partir de altura que encontra legitimado por eleições que lhe conferem o mandato, ou extravasará claramente os limites impostos para uma governação correcta?

Deixo ao vosso critério.

P.S.: Não quero com este texto ferir susceptibilidades, não estou a acusar ninguém de ultrapassar o limite do razoável, apenas alerto para um facto.

7 comentários:

Anónimo disse...

Como leitora assídua (desde hoje), devo advertir para o meu descontentamento, para a utilização da palavra “popós” seguida de uma elucidação “para crianças”. O uso da palavra “popós” já é mau e o facto de a palavra estar relacionada com as crianças ainda piora. Como é que o país poderá evoluir, se há gente que ainda incute este tipo de palavras às crianças?! Devo lembrar que as crianças são o nosso futuro…que futuro terão, se em vez de carros ou veículos, aprenderem a dizer popós?! Perguntas de difícil resposta, que gostaria de ver esclarecidas pelo autor do artigo ou pelos restantes membros do blogue, o mais breve possível, acredito que arranjarão tempo para o fazer, porque a vida não é só faculdade!

Bruno Antunes disse...

Caro anónimo,

a palavra "popó" é um claro facilitismo concedido às crianças para que estas se possam referir aos carros que vêm, sem terem que articular as palavras de uma forma que se lhes afigura bastante difícil. De facto não é um bom hábito mas não deixa de ser um hábito. Devo dizer que o não alimento. Por acaso usei a expressão aqui para reforçar a ideia de que em Espanha carros não são coisas que faltem. Só isso. Continue a visitar e comentar. Obrigado.

Anónimo disse...

Com isso que referiu, quererá dizer que as crianças por ainda não possuírem todas as suas capacidades cognitivas, deverão ser distinguidas como tal?! O difícil é relativo e não creio que a palavra “popós” facilite muito. Num mundo tão exigente como o actual penso que deveremos incutir os termos correctos e preparar a criança para as dificuldades da vida, ainda que seja apenas, uma simples palavra. Não podemos facilitar tudo, porque o mundo não está para facilitismos. Os hábitos são para ser quebrados e ao dizer isso demonstra que é uma pessoa pouco autónoma, que se rege só pelos pensamentos e acções dos outros, sendo assim, se existir uma grande quantidade de pessoas a atirarem-se de um poço a baixo, acredito que será daquelas pessoas, que também o fará! (pensei que o seu curso lhe tivesse aberto horizontes!) Ah! E os carros não faltam na Espanha, como em muitos outros locais do mundo… Não gostaria de terminar esta minha breve reflexão, sem antes agradecer a rapidez da resposta, ao meu anterior comentário.

Bruno Antunes disse...

Antes de mais gostaria de lhe agradecer a sua participação no blog, folgo em saber que somos visitados.

É admirável que com tanto por onde pegar, o anónimo resolveu abordar o tema dos “popós” que corresponde, mais ou menos, a 0,1% do conteúdo e mensagem que eu, autor do texto, quis passar. Enfim, assim como o Artigo 219º do Código Civil consagra a liberdade de forma, eu não me oponho à liberdade de conteúdo nos seus comentários (desde que não insultuosos, coisa que roçou). Aliás, se o fizesse, não me dignava a responder-lhe, pode ter a certeza.

Bem, quanto à primeira pergunta que me coloca devo dizer que não se trata do facto das crianças serem distinguidas como tal ou não, mas antes de lhes serem conferidas ferramentas para se conseguirem expressar e se fazerem ser ouvidas. Reafirmo, não alimento o facilitismo concedido com a palavra “popó”, longe disso. Porém, resolvi colocar no texto essa referência. Não é caso para grandes alarmismos, creio eu.

O segundo bloco de observações que me faz é que é de “bradar aos céus”. Então agora por eu ter usado as frases “Carros, automóveis, bólides, veículos, popós (para as crianças), viaturas e “coches, muchos coches”.” e “De facto não é um bom hábito mas não deixa de ser um hábito.” sou um ser pouco autónomo???

È incrível como o comentador consegue interpretar em poucas frases a minha personalidade. Digo-lhe já que está totalmente errado, como está errado com aquela do poço.

Quanto ao que acha sobre o curso me abrir horizontes, não sei em que medida pode ser relevante chamar isso à colação.

A sua penúltima afirmação é demonstrativa de que provavelmente ignorou os restantes 99,9% do texto. “Ah! E os carros não faltam na Espanha, como em muitos outros locais do mundo…”.
O texto incidia exactamente sobre o facto dos governos regionais e nacional terem muitos carros, a afirmação de que aqueles lá não faltam não surge assim desgarrada de qualquer fundamento. Isto é tão óbvio que me deveria abster de comentar, mas por respeito por si, ilustre leitor, respondo.

Obrigado pela sua valiosa participação, continue a visitar e comentar.

Anónimo disse...

Agradecimento aceite!
De certo que é admirável, mas são muitas vezes os pormenores que fazem a diferença!
Na minha opinião foi importante, ressalvar esse aspecto, em relação ao seu curso e devo-lhe dizer que até terei aprendido consigo.
Sendo que está no curso, que está e que de certo não será importante para o caso revelar, pensei que aprendessem a lidar com as crianças, ensinando-as a articular, da melhor forma as palavras. È certo que o seu curso abrange um leque enorme de opções, mas talvez não seja, tanto ligado ao seu curso, mas sim a outra área da saúde, ou ainda, que venha a obter este tipo de “ensinamento”, na sua especialização (se pretender seguir esta vertente).
Não gostaria de terminar, sem antes lhe dizer, que não foi de todo a minha intenção, ser ou, pretender ser insultuosa!

João Francisco disse...

Alguém não reconhece uma pitada de ironia num tão curto texto...
Já agora creio que está a confundir colaboradores, dado que o Senhor Doutor está bastante longe da área da saúde.
Tanto confusão por causa de um pópó... pergunto-me o que aconteceria se o ilustre Senhor Doutor tivesse colocado uma onomatopeia do género vrum vrum...

Tiago Mendonça disse...

Pois...apenas se observa o que se quer. O artigo do Código Civil deveria ter sido suficiente para descortinar que a opcção académica do Senhor Doutor estava longe da área da saúde. Para quem repara em popós...

Contudo, louve-se, o pedido de desculpas final. Bem ao refriar.