sábado, 28 de novembro de 2009

Luzes de Natal.

Ainda me lembro, quando era uma criança, da importância que tinha para mim aquela visão fenomenal: as luzes da baixa. Eram sempre lindas, brilhantes, coloridas com formas tão engraçadas. Não eram só as luzes, era tudo: o cheiro das castanhas, aquele frio de que eu já tinha saudades, o som das pessoas.

As luzes lembravam-me da magnífica época que se aproximava, que já era altura de montar a árvore de Natal, que já iam começar a aparecer presentes, vinham aí as férias, vinha aí o Natal. Estava na altura de vestir o meu casaco mais quentinho (leia-se mais fashion, apesar de ser ainda apenas uma miúda!) e sair com a minha mãe em direcção à minha parte preferida da cidade naquela contenda que era a busca das prendas de natal.

Hoje já não é assim…

Dizia-me uma amiga no outro dia “odeio estas luzes de Natal acesas no início de Novembro, só apelam ao consumismo das pessoas e tiram o espírito natalício todo”. É verdade, o Natal actualmente é mais uma manobra publicitária que uma ocasião para as famílias se reunirem. E disse-me outra pessoa “não sei como é que és capaz de ficar tão feliz nesta altura, eu só consigo pensar nos testes, exames e frequências que começam nessa época”. Pois, é verdade… nem me tinha lembrado.

As luzes estão cada vez mais foleiras e acendem-nas cedo demais, as castanhas estão caras e já não têm piada nenhuma (o que é que aconteceu à tradicional folha das Páginas Amarelas? Que é esta panisguice do saco castanho com compartimento especial para as cascas?!), o frio agora tem sido acompanhado de chuvas horríveis e a as pessoas fazem um barulho extremamente incomodativo!

Eles têm razão e de certa maneira, agora que penso um pouco mais no assunto, cada vez que olho para as luzes eu devia ficar um bocadinho deprimida, elas lembram-me aquela fase horrível pré-frequências acrescida de todos os stresses natalícios que podem surgir e todas aquelas memórias que eu tinha se forem analisadas com atenção não são tão felizes como eu julgava.

Mas eu não quero saber. O truque é não pensar muito. Já dizia o outro, que felizes são os ignorantes. Por isso eu decidi render-me, não à realidade, mas à fantasia, ao meu lado infantil e agora sempre que consigo arranjar um bocadinho saio de casa e vou dar uma volta à Baixa para ir ver as luzes.

Sugiro a todos que façam o mesmo. Esqueçam a faculdade, os dramas do dia-a-dia e tudo aquilo que vem com o facto de já sermos “crescidos”. Rendam-se às luzes e vão ver tudo como se fossem miúdos outra vez, sem preocupações. Mesmo que seja só por um bocadinho, vale a pena.

Vão ver as luzes e já agora comam umas castanhas.

Um texto de Teresa Ferreira, estudante do 4º ano da Faculdade de Direito de Lisboa.

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