segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Comentário às Eleições Legislativas de 2009.

Neste dia 27 de Setembro realizaram-se as eleições legislativas, por ventura aquelas consideradas como as mais importantes na medida que é através delas que os portugueses se vêm representados na Assembleia da República e que posteriormente se formará um Governo. Isto é, é a partir destas eleições que se conhecem os actores do poder legislativo e executivo.

Estas eleições tiveram os seguintes resultados (sem os votos dos emigrantes): PS (36, 56%) 96 deputados, PSD (29, 09%) 78 dep., CDS (10, 46%) 21 dep., BE (9, 85%) 16 dep., CDU (7, 88%) 15 dep.

Desde logo importa afirmar que a análise a estes resultados não deverá ser feita através de uma comparação entre as eleições de 2005 e as de 2009. Temos que ter em conta tudo o que aconteceu entretanto. Contestação, escândalos, sondagens, tudo…

Posto isto, passemos à análise partido a partido.

PS: Vence estas eleições com clara vantagem sobre o PSD (apesar de ter perdido deputados para todos os outros partidos) depois da onda de contestação gerada durante o mandato conferido em 2005, depois dos resultados das eleições europeias e depois de algumas sondagens terem previsto um empate técnico entre os dois partidos. Este facto sucede acima de tudo pela excelente campanha dos socialistas e a prestação convincente de José Sócrates nos debates. A prestação menos boa do PSD e da sua líder foram também preponderantes. No entanto, estas eleições trazem algum “amargo de boca” ao PS. Por um lado o PSD e o CDS juntos têm mais deputados que o PS. A pergunta que se coloca é se correrá o PR o risco de convidar a governar os dois partidos de direita. Creio ser difícil tal cenário pois debilitaria a imagem do PR e contaria com uma oposição dilacerante da esquerda em maioria no Parlamento. Por outro lado, o PS (afastado que está o cenário do Centrão) só consegue ter maioria absoluta com o CDS, algo que também parece muito complicado pois este partido parece não estar disposto para tal. O PS parece estar numa situação em que governará sozinho tendo de contar necessariamente com outros partidos para viabilizar diplomas importantes como o Orçamento de Estado. Não esquecer a possibilidade de uma moção de censura, se bem que importa não esquecer 1987 em que “saiu o tiro pela culatra” ao PRD.


PSD: Estrondosamente derrotado (apesar de ter ganho 3 deputados) pois não soube capitalizar para si a onda de contestação em torno de Sócrates e do seu Governo. Essa contestação traduziu-se sobretudo em votos nos outros 3 partidos. O PSD não fez uma boa campanha e prestação de Manuela Ferreira Leite nos debates não foi a melhor conforme já escrevera aqui no blogue. Mesmo com o resultado do CDS dificilmente formará Governo até porque não surgiram afirmações que sequer pudessem pôr sobre a mesa esse cenário. Está neste momento em causa a permanência da líder do PSD enquanto tal. Provavelmente dever-se-á manter até às eleições autárquicas, mas será dificílimo continuar a liderar, isto apesar de o PSD provavelmente ganhar as eleições (que é um dado recorrente e que não decorre normalmente da performance do líder).


CDS: Bons resultados para este partido que nas sondagens se encontrava bastante atrás. Bons debates e campanha de Paulo Portas que conseguiu chegar a mais de 10%. Será um elemento fundamental neste novo Parlamento. A ver vamos em que moldes.

BE: Apesar dos 16 deputados eleitos e de ter duplicado o número relativamente a 2005, este resultado deverá desiludir os bloquistas, apesar de alguns manifestarem agrado perante tal cenário. É que em todas as sondagens o BE aparecia destacado em 3º lugar e mesmo nas sondagens à boca das urnas parecia que poderiam eleger 20 deputados. O papel fundamental que poderiam ter na AR fugiu para…o CDS.

CDU: Ganhou um deputado mas mantém o papel que obteve em 2005. O eleitorado comunista é pouco móvel e por isso não surpreende este resultado.



Convém ainda fazer dois apontamentos.

Em primeiro lugar importa lembrar os números da abstenção. 39, 4% dos cidadãos eleitores não votaram, o que é muito. São números que deverão suscitar reflexão aos eleitores e aos eleitos.

Em segundo lugar é necessário fazer uma referência às sondagens que têm falhado demais, mesmo à boca das urnas, algo que me parecia pouco provável.

Sem comentários: