sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Cenários.

Escrevi este texto no domingo para a rúbrica semanal no Laranja Choque. Fiquem com o meu ponto de vista acerca de uma sondagem recente relativa às eleições legislativas.

Já me perguntei sobre a real utilidade das sondagens para as pessoas num texto que pode ver aqui. Por isso, não vou aqui discutir esse tema. O tema também envolve sondagens mas de um modo diferente.

Como se costuma dizer, e é muitas vezes dito pelos políticos, as sondagens valem o que valem, mas não deixam de mostrar tendências de voto. Recentemente surgiram novas sondagens que provavelmente já demonstram as reacções dos portugueses aos debates entre os líderes de cada partido/coligação com assento parlamentar.

Uma delas, a da Universidade Católica para a Antena 1, RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias, dava para além da vitória do PS nas eleições, uma possibilidade que ainda não havia sido avançada por nenhuma sondagem recente. A possibilidade de dois partidos (que não o PS e o PSD) conseguirem formar uma maioria absoluta em coligação. Na realidade, o PS nesta sondagem dispõe de 38% e o BE de 12%, juntos formam mais do que o nº de votos necessário para a tal maioria. Assim como o PS e a CDU juntos formam 45%. O que também será suficiente. A pergunta que se coloca é: Estará Portugal preparado para um Governo de Coligação entre um partido de centro-esquerda e outro de extrema-esquerda? Não creio que esteja, apesar de se dizer que em Portugal a maioria das pessoas é de esquerda (entenda-se do centro para a esquerda). Aliás, nem creio que os líderes dos dois partidos apontam esse caminho como solução. Mais depressa governará o PS sozinho.

No entanto, mesmo que estas sondagens acertem na muche, o PS pode não conseguir governar. A razão para tal afirmação encontra-se vertida nos resultados que a sondagem aponta ao PSD e ao CDS-PP. Juntos conseguem 39% por virtude da soma dos 32% do PSD e dos 7% do CDS-PP. Estes 39% dão a essa possível coligação (bem mais plausível que a do PS-BE, ou do PS-CDU) um ponto percentual acima do PS. No entanto, existem dois pontos contra este cenário. Por um lado não creio que o PSD apreciará uma coligação pós-eleitoral que nem sequer é suficiente para formar uma maioria absoluta. Para que é que o PSD quereria levar o CDS para um Governo de Maioria Relativa onde teria que ceder pastas ministeriais e afins? Responderão possivelmente: Para ganhar as eleições. Bem visto, é um facto. Esse é o único cenário passível de levar o PSD para o Governo (repito se o cenário destas sondagens se verificar) afastada que está uma coligação com o PS, CDU E BE. No entanto, avanço mais um dado. O PSD só durante 2 anos governou em maioria relativa. Foi de 1985 a 1987. É possível que essa falta de hábito se concretize numa inibição de se lançar para este projecto de Governo em maioria relativa. Por outro lado, mesmo com aquele 1% acima do PS, isso pode não ser suficiente para ter mais deputados que os socialistas. Esta situação constitui um empate técnico.

Perante este cenário, parece-me que o panorama mais plausível será o de o PS governar sozinho tendo de contar com o apoio dos vários partidos para conseguir prosseguir com as suas políticas. A ver vamos.

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