segunda-feira, 6 de julho de 2009

Comportamentos.

Esta manifestação de fanatismo, de um carneirismo (a expressão não é minha) sem travão, de especulação, de pura palhaçada em torno da apresentação de Ronaldo no Real Madrid é degradante.

Eu sou adepto de um clube de futebol mas custa-me compreender este movimento em torno de um único jogador, de um único ser humano. Recordo-me de desde pequeno não alimentar qualquer espécie de idolatria por qualquer figura que se notabilizasse em qualquer área. Creio não ser sequer saudável esse tipo de comportamento.

Podia só ser o facto de o Santiago Bernabéu ter sido preenchido por 80000 personagens que foram lá apenas ouvir o Presidente Florentino dizer uns quantos lugares comuns e Ronaldo dizer a frase (adaptada) mais batida da história do futebol “Desde pequeno que queria aqui jogar” para me causar a mais profunda repugnância por esta espécie de movimento. Mas não. O facto de os media, RTP, SIC e TVI terem explorado este “acontecimento” deixa-me também completamente aturdido. Só a SIC (segundo sei, não vi totalmente a transmissão, a bem da minha sanidade mental e não sei se os outros também o fizeram) transmitiu o directo, e fez pontualmente em larga escala referências no seu noticiário ao novo jogador do Real Madrid.

Não se trata de um mal-estar da minha parte por ver uma pessoa com tanto sucesso como é o caso do jogador. Ele faz o seu papel, trabalha e ganha o seu. O problema é a circulação de pessoas e notícias em torno de um sujeito. Depois ainda há outros dois pontos. Primeiro Ronaldo não faz metade do que faz nos clubes onde passa quando está na selecção. Segundo, dizer (como já ouvi) que Ronaldo é muito humilde é a mesma coisa que dizer que Lisboa é a capital do Burundi. Porém, se entendermos que proferir a seguinte frase “Se todos os jogadores fizessem o mesmo que eu, éramos campeões do Mundo” é uma prova de humildade então pronto, sim senhor, o jogador é humilde.

Apesar de tudo, algumas palavras de alento para o futuro. Espero que se olhe para este triste espectáculo e se repense se isto é um modo de estar e de fazer jornalismo.

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