domingo, 26 de outubro de 2008

Um pacto histórico.

Comemoraram-se ontem os 72 anos da assinatura do tratado de aliança entre Adolf Hitler e Benito Mussolini que originou, juntamente com o Japão, o Eixo que se tornou numa máquina de guerra absolutamente devastadora responsável por 50000000 de mortos durante a Segunda Guerra Mundial.
Este pacto permitiu a Hitler ocupar-se unicamente da Europa, enquanto a Itália se ocupava do Norte de África e o Japão da Ásia. Pelo menos no início.
Tudo estava a correr bem, para o Eixo, até meados do ano de 1942, em que atingiu um elevado número de territórios conquistados. A partir daí foi o descalabro total. Apesar de se ter ganho muito terreno em África até ao momento, parece-me que a opção táctica de se avançar para sul era escusada. A guerra relâmpago ou blitzkrieg apenas teve sucesso no início como era pretendido, não devia ter sido levada demasiado longe como me parece ter sido feito. Conquistar 1/5 do Mundo em 3 anos de guerra requer imenso esforço, esforço esse que despendido por apenas três países (com colaboração de alguns mais) ganha maior valor. Porém esse esforço traduziu-se em cansaço. A propensão para atacar África por parte do Eixo acrescida da entrada dos E.U.A. na guerra, potenciada por “Pearl Harbor”, e a entrada da U.R.S.S. no conflito, motivada pela violação do pacto de não agressão por parte da Alemanha, desencadearam o desastre do Eixo. Estes três acontecimentos são os três “tiros no pé” que o Eixo deu em si próprio. Em suma chamaram-se dois gigantes mundiais para a guerra e gastaram-se meios em territórios que posteriormente poderiam ter sido conquistados. A Alemanha devia cingir-se à Europa Ocidental e Central que nunca esteve totalmente em seu poder. Portugal (com algumas reservas) e Espanha estavam de facto controlados, ainda que não conquistados, mas Inglaterra, que se revelou incansável na luta contra os alemães, não. A Itália deveria ter segurado a Europa do Sul e talvez fazer uma ou outra incursão africana mas não mais que isso. O Japão deveria cingir-se à Ásia, território de difícil conquista. Com esta exposição pretendo (com a ressalva de que não conheço todos detalhes que motivaram as escolhas tácticas do Eixo e de que à distância temporal de 72 anos e um dia é fácil criticar) demonstrar, partindo do tal pacto de aliança entre a Alemanha e Itália, que não foi benéfico para o Eixo o expansionismo levado ao extremo e quem sabe o tal tratado visto que foi também por alguma ineficácia italiana no Norte de África que se deu o deslocamento de parte do exército alemão para aquela zona do globo, desguarnecendo outras regiões que necessitariam da presença do exército para se manterem sob o domínio alemão. Mais uma vez, fica o reparo.


Cartaz propangandístico da Segunda Guerra Mundial.

Fonte http://bss.sfsu.edu/internment/posterstampeout.html

3 comentários:

Tiago Mendonça disse...

Uma boa análise. Uma de muitas boas análises com que nos brinda o Senhor Doutor.

Samuel de Paiva Pires disse...

Excelente ponto de vista o dos tiros nos pés do regime nazi. Em grande parte originados pela falta de visão estratégica de Hitler que nunca deu ouvidos quando Goring ia avisando para não abrir novas frentes. Goring que acreditava num expansionismo contido, para precisamente não irritar as grandes potências norte-americana e especialmente a russa, embora sendo um dos mais fortes apoiantes de Hitler, acabasse sempre por apoiar a 100 % o que esse decidia, mesmo que discordasse. Um abraço a todos!

João Francisco disse...

Eu diria que o problema começou na primeira guerra mundial. Aquando da unificação da Alemanha, Bismarck sempre tentou evitar uma guerra a duas frentes por saber ser insuportável para o exército alemão. Mal ele saiu de lá acharam que era boa ideia começar uma guerra a duas frentes e levaram na corneta. Como não aprenderam a lição à primeira acharam que era inteligente voltar a travar uma guerra a duas frentes e ter a audácia para invadir a Rússia durante o Inverno...