sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Mas afinal o que é que eu quero ser quando for grande?*

Sou um Estudante. Não sei se mereço a maiúscula do título, enfim... Dizia, frequento um estabelecimento de ensino. Estabelecimento esse destinado, como qualquer outro, a formar elites. O núcleo duro da sociedade. Naturalmente esse objectivo último é frustrado, a maior parte da malta vai mas é sustentar elites que é a sua única razão de ser. Talvez se safe um ou outro.
Leitor/a "E o que é que me importa o que este cromo que prefere ficar no anonimato tem para dizer?" Rigorosamente nada caro leitor/a. Se quiser mudar de canal, aconselho! Aviso desde já que se segue lixo. Que aqui não direi nada de novo nem nada de inteligente. Sic.
Dizia. Estou portanto habituado a ver as coisas de cima para baixo. Quando vejo as notícias vejo países, governos, instituições, vontades mediante interesses. Qualquer hipótese de futurismo é sempre condicionada a sistemas , qualquer explicação do passado também. Análises essas que eliminam o individuo. O mundo funciona através de uma teia de sistemas, sejam eles quais forem, que procuram a sua própria sobrevivência. A pessoa humana não importa. Quando muito importarão as ideologias que para ela supostamente existirão mas que na verdade servem algo que procura crescer.
É realmente nojento isto não é?
Quer dizer, pensar que um gajo existe com o único objectivo de melhorar alguma coisa no mundo e no final de contas, se trabalhar bem, melhora uma coisa qualquer que mal lhe é palpável para beneficio de alguma coisa que não aqueles seres humanos que se lhe assemelham. Nojento, mas é isto que penso do mundo.
Vivo por isso um dilema intelectual, uma crise existencial. Se calhar apenas um episódio, vá.
Desde de pequenino que me ensinam que existem coisas louváveis e coisas que não se devem fazer, creio que lhe chamam valores. Um sistema de crenças que procura fazer o mundo um algo melhor - eu por mundo, entendo as pessoas que habitam o planeta terra (desculpem-me qualquer coisinha os defensores dos direitos dos animais aos quais não poderei reconhecer direitos até ver garantidos os direitos elementares de todos os seres humanos).
Abracei esses valores e no topo da minha lista vem o humanismo. Ser um bom ser humano, fazer pela humanidade, isto é, pelos indivíduos que compões as massas.
Estou fodido! As minhas análises destroem todos os meus ideais. Destruirão por ventura, a minha razão de ser. O sentido da vida, vá, o meu caminho para a felicidade.
Se para mim, o nível mais elementar de humanidade seria não deixar o próximo morrer de fome. Seguindo-se coisas como a garantir a segurança de todos, o acesso à saúde, à educação e por aí fora.
O que é que eu aqui estou a fazer? Se sei que nada poderei fazer para tornar o mundo menos desumano. Se sei também que na história da humanidade ninguém se importou e que ninguém se irá importar, a começar por mim, que raio de objectivo de projecto de vida é o meu?

E agora? Ignoro os ideais, valores, que me foram transmitidos pelos meus progenitores? Ou luto? Lutar não pode ser que tem conotações. Dizia, ignoro ou bato-me em vão por um mundo melhor? Será neste cruzamento mental que me encontro.

Nem tanto ao mar nem tanto à terra dir-me-ão uns.
Alguém dizia (ou será que inventei?): Trava pequenas batalhas. Melhora a vida primeiro a uns poucos, sob um só aspecto e depois cresce na tua luta se puderes.

Não sei... Talvez venda a minha alma ao diabo. Muito provavelmente, para continuar a viver. Entregar-me-ei a uma causa de cada vez, ou parte de uma causa de cada vez. Iludido de ser um bom samaritano continuarei a minha vida egoístamente como uns tantos outros. A sobreviver.

Perdoem-me a hipocrisia da reflexão.
Não sou daqueles que pensam que somos e devíamos ser todos iguais. Apenas me faz confusão que vivamos tão bem quando, a título de exemplo tantas pessoas morrem à fome todos os dias muito provavelmente sem o merecerem. Porra! Explorador e explorado sim senhor, mas já agora bem que podíamos dar um bocadinho de vida aos explorados, não? Ou então deixávamos de falar em valores e passaríamos a falar em regras de conduta que facilitem a vida em sociedade mas que não colidam com as vontades de quem a dirige.




Contra mim falo



* E já agora, porquê?


P.S.- Prometo que um dia deixo de escrever por escrever

1 comentário:

Tarek Shalik disse...

Meu irmão, isso não importa, vais para o paraiso! xD