terça-feira, 2 de março de 2010

Pequena nota sobre o Zimbabwe



Ora aqui temos um país que na ultima década esteve na agenda política europeia, infelizmente, por causa da Grã-Bretanha. Não tanto pelo Estado falhado que é, muito menos pelo regime que alberga. (Sejamos francos, déspotas há por aí aos magotes e isso nunca preocupou ninguém). Também não é por causa da miséria que ali paira (nah, então há mais esfomeados que déspotas!). Ali o que está muito mal...
- Ora evidentemente os motivos abertamente racistas do regime!
Perto. Muito perto.. Mas não é bem. Ou antes, sim! Mas só porque se trata da hostilização de cidadãos Britânicos, ou antes descendentes de britânicos - não me interpretem mal, o regime conseguiu levar a discriminação positiva a extremos por poucos imaginados, confundindo-se agora se é negativa ou positiva.
O problema data dos tempos da conversão da Rodésia no Zimbabwe. A emancipação do território. Naquele tempo tornara-se evidente que uma minoria branca era proprietária das terras do então denominado "celeiro de África" enquanto o resto da malta vivia muito mal. Naturalmente, os ingleses procuraram proteger os seus netos e assinaram os Acordos de Lancaster House (1979), garantido a independência do país sob condição que não houvesse redistribuição dos terrenos agrícolas na primeira década imediatamente subsequente à independência.
E assim se manteve o país. Rapidamente renunciou à democracia, mas isso... E no final dos anos noventa, cansado de quase uma década de redistribuição lenta e pouco visível da riqueza, a braços com uma população zangada e cada vez mais difícil de apaziguar, o governo decidiu deixar de tirar algum dinheiro aos ricos para o dar aos pobres. Passando a deixar que os pobres o fossem buscar directamente. Dando início a uma terrível campanha contra os brancos. Numa desesperada procura de um inimigo comum que ainda hoje contínua.

Eu culpo os Europeus por colonizarem, mal!, e se pirarem muito depressa depois de muito tempo sem quererem sair.

Chato, é isto só ser problema porque se tratam dos netos dos Ingleses. Fosse uma coisa entre duas etnias nativas. Provavelmente nem nos jornais aparecia (pelo menos não antes de um genocídio). Ninguém saberia que o país é dirigido por déspotas corruptos, nem ninguém saberia que há pouca direcção porque o Estado há muito que falhou, provavelmente ainda lhe chamariam Rodésia por esquecimento do "novo" nome. Ah! E já agora, por mera curiosidade, quando é que começámos a ouvir falar no Mugabe? Em 79 ou 99?

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