domingo, 18 de outubro de 2009

Eleições Autárquicas: Análise nacional.

Este é um texto que escrevi para a rúbrica semanal no Laranja Choque. Fiquem com a minha opinião relativamente à eieções autárquicas.

Estas eleições de 2009 foram realizadas 2 semanas depois das legislativas o que retira a carga de possível penalização ao Governo que muitas vezes lhe é atribuída pelos eleitores. Bem sei que análises nacionais de eleições autárquicas tornam-se muitas vezes num exercício enviesado, no entanto há que fazer uma análise mais abrangente sob pena de analisar concelho a concelho. Façamos então o comentário partido a partido. Começando pelo que mais Câmaras ganhou e seguindo por ordem decrescente.

PSD: Obteve um resultado razoável. Venceu em 136 Câmaras Municipais. No entanto importa afirmar dois pontos. Em primeiro lugar 19 dessas Câmaras foram ganhas em coligação com o CDS. Naqueles municípios onde o CDS não terá sido preponderante para a vitória (mas foi-o em alguns) foi-o para a maioria absoluta. Em 19 Câmaras desta coligação 17 tiveram maioria absoluta. Em segundo lugar importa dizer que o PSD perdeu várias Câmaras, tendo o PS recuperado ou conquistado pela primeira vez 20. Quanto a Lisboa, o PSD coligado perdeu numa grande aposta que havia feito. Santana Lopes fez uma boa campanha mas não foi suficiente para levar de vencido António Costa. Importa dizer que a direita coligada (conforme António Costa disse) perdeu para o PS (ainda que este contasse com Helena Roseta e Sá Fernandes). No Porto Rui Rio esmagou a concorrência. Elisa Ferreira que levava consigo o fardo da “gamela” do PE foi penalizada, apesar de essa não ser a única razão para a derrota avassaladora. O PSD conseguiu assegurar a Câmara de Faro por 0,4%. Macário Correia vence assim um segundo município no Algarve. Boa nota para as vitórias em Felgueiras e Marco de Canaveses. Em suma como escrevi acima, o resultado foi razoável. Não foi mau porque foi o que mais Câmaras venceu mas terá que se ter em conta que o PS subiu (e de que maneira!) e que daqui a 4 anos os muitos “dinossauros” autárquicos não vão poder candidatar-se outra vez. Nota para o facto de muitos desses “dinossauros” serem do PSD. Posto isto, mesmo em eleições tradicionalmente ganhas pelo PSD este partido não obteve uma vitória categórica, vejamos de que modo este facto pode e se vai influenciar ou acelerar o processo de reestruturação do PSD.

PS: Teve um resultado também razoável. Podemos considerá-lo bom se tivermos em conta que foi o vencedor em números de votos nacionais, número de mandatos e que obteve um crescimento de 20 Câmaras de 2005 para agora. A maior vitória foi a de Lisboa em que António Costa conquistou a maioria absoluta por 5,3%, apesar de ter perdido a Assembleia Municipal. Para além de Lisboa foram também importantes as vitórias em Beja (antigo bastião comunista) e Leiria (há anos do PSD). Dir-se-ia que a perda de Faro foi a mais significativa apesar de ter sido por escassa margem. Convém ainda dar nota de candidaturas que pareciam desde cedo condenadas ao fracasso, não por incompetência dos candidatos mas porque de alguma forma ou de outra notava-se que tinham pouquíssimas hipóteses de serem eleitos. Casos do que vos escrevo são Ana Gomes em Sintra e Elisa Ferreira no Porto. Importa fazer uma nota. O PS perdeu grande parte das suas importantes Câmaras em 2001 e ainda hoje se vê a relutância das pessoas em votar no PS. Vejam-se os casos do Porto, Cascais, Sintra e Coimbra. Para isto poderá ter contribuído a vontade de grande parte dos portugueses querer mostrar o cartão (que se tornou vermelho) ao Governo de Guterres, mas também o trabalho dos autarcas socialistas desenvolvido até então. O PS tem razões para sorrir um bocado mas terá que ter em conta o futuro de Municípios como aqueles que referi supra.

CDU: Francamente derrotado, a CDU perdeu em quase tudo, inclusive Beja para o PS. Só elegeu um mandato no Porto. Deixou fugir a hipótese de ser o fiel da balança em Lisboa elegendo apenas 1 mandato e ficando Santana Lopes com 7. O eleitorado da CDU é pouco móvel mas ainda assim parece que nas autarquias essa parca mobilidade esfumou-se um pouco.

CDS: Resultado normal do CDS. 1 Câmara vencida. Foi importante nas vitórias e maiorias absolutas em coligação com o PSD.

BE: Péssimo resultado. Perde um mandato em Lisboa e não consegue eleger nenhum no Porto. Só consegue a Câmara de Salvaterra de Magos. Siga a dança.

Vejamos como se portarão os novos (e não só) autarcas e como serão desempenhadas as funções do Governo da República agora que começa um novo ciclo eleitoral.

1 comentário:

O Professor disse...

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