sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Prova de Fogo.

“Paulo Pedroso vai ser o candidato do PS à Câmara Municipal de Almada, numa decisão aprovada quinta-feira à noite numa reunião da concelhia de Almada do Partido Socialista, com 41 a favor, quatro votos contra e um branco.” (fonte Sol).

O deputado socialista que, recordo os leitores, esteve envolvido no julgamento do Caso Casa Pia, enfrenta o seu primeiro teste político depois desse facto.

É certo que o deputado saiu ilibado daquele julgamento e mais do que isso, conseguiu uma indemnização do Estado, das maiores de sempre em Portugal. No entanto, coloca-se a dúvida de se saber se o Caso Casa Pia fez mossa ou não na credibilidade política de Paulo Pedroso. É uma prova de fogo. Porém conclusões dos resultados destas eleições serão sempre muito discutíveis e potencialmente pouco rigorosas. Se não vejamos. Se Paulo Pedroso vencer, poderemos afirmar que o julgamento não teve consequências nefastas para a imagem do almadense? Se perder, poderemos afirmar peremptoriamente que foi devido àquele escândalo que o socialista perdeu? A resposta é não. Há que ter em conta os outros candidatos ao lugar, sejam eles de que partido forem. Imaginem a seguinte hipótese.

A Câmara A é governada há 30 anos pelo Presidente B que se candidata outra vez. Aparece um candidato de outro partido, C, que esteve envolvido num processo judicial revestido de enorme polémica mas que saiu ilibado. C perde. Poder-se-á afirmar que foi o processo que o desgastou politicamente?

É muito difícil aferir a influência que os processos judiciais (então este) têm para a imagem e credibilidade de uma pessoa, seja político ou não, sendo que para um político revestirá maior importância, por força da dependência relativamente ao que as pessoas acham.

Por outro lado, se este facto trouxe tempestades ao deputado, também dele (processo) poderá ter vindo a bonança. O deputado socialista, antes deste processo, era muito pouco conhecido, se não mesmo mais um entre muitos políticos que representam os seus partidos na Assembleia da República. Este processo deu-lhe notoriedade, é certo que num mau sentido, pois debilitou-o perante a opinião pública. Porém, foi com este processo que o político passou a aparecer mais nos meios de comunicação social e mais do que isso, o pedido de indemnização conseguido foi o melhor que lhe podia ter acontecido, tendo em conta que assim fica claro que o Estado cometeu um erro e que Paulo Pedroso nunca devia ter sido pronunciado neste caso.

Convém fazer uma ressalva, Paulo Pedroso é neste momento inocente, pois foi isso que resultou da decisão judicial, e é assim que deve ser entendido, como inocente.

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