segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Poder da desinformação

Caros leitores dirijo-me a vós, após prolongada ausência, para falar de um facto que venho a constatar desde há algum tempo. A constante hipérbole utilizada no jornalismo em Portugal, que conduz a mau jornalismo.
O primeiro destes casos passou-se na passagem de ano. Estava a ver o telejornal no dia 31 ou 1 e uma notícia captou a minha atenção. "Festas de passagem de ano grátis organizadas pelas Autarquias levam ao fecho de estabelecimentos da noite no Algarve". Eu vi esta apresentação da notícia e pensei: " Bem a vida lá para o sul deve estar mesmo agreste, se uma noite só chega para levar discotecas à falência...", mas fiquei com duvidas sobre a credibilidade da notícia, pelo que aguardei pelo seu desenvolvimento. Quando finalmente desenvolvem a notícia, aparece um senhor empresário da noite algarvia, com um nome ridículo e um mullet como penteado, a dizer que as festas não podiam continuar porque haviam já muitos bares a fechar e eram centenas ou milhares de pessoas a ir para a ficarem sem emprego. Eu vejo isto e penso: "Eish o senhor deve ser a fonte mais credível que poderiam ter arranjado, com esse penteado e esse nome...". Quando finalmente a jornalista relata o caso, acontece que as discotecas como cobram entradas (exorbitantes diria eu) para as suas festas de passagem de ano, e as Autarquias organizam festas com entrada livre, as pessoas preferem ir as festas à borla, fazendo com que algumas discotecas tenham de fechar durante a noite de passagem de ano, por não poderem competir com as Autarquias. Eu vejo isto e penso, coitadas de "centenas ou mesmo milhares" de pessoas que ficam sem trabalhar uma noite durante um ano inteiro.
O segundo caso passou-se num passado menos distante, mais precisamente hoje de manhã, quando na capa de uma das muitas revistas cor de rosa vem uma fotografia do Reinaldo com o cabeçalho, "Reinaldo operado ao coração" e em letras bastante mais pequenas qualquer coisa como, " quando tinha 15 anos". Uma rapariga fútil e inocente vê esta capa, com a pouca atenção que as caracteriza, e começa a gritar num ataque de histeria " Ai coitado do Reinaldo que está a morrer... ". Depois seguem-se os rios de lágrimas, num choro convulsivo, até alguém que saiba ler lhe dizer para ter calma que aquilo foi quando ele tinha 15 anos.

Um pequeno aparte para os senhores da televisão. Será possível fazerem testes de Português antes de contratarem os vossos jornalistas ou apresentadores? Dava melhor aspecto se eles soubessem falar... ou até escrever. As meninas dos concursos das madrugadas são todas muito giras mas falar não é com elas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Apu, só um pequeno reparo, já que chamou o assunto "bem falar e bem escrever". Não se ofenda, mas no seu primeiro parágrafo onde consta "voz", talvez devesse estar "vós"; assim como o "à algum tempo" na realidade é "há algum tempo". Quanto à essência da sua divagação, concordo plenamente.

João Francisco disse...

Mil perdões cara Mente Brilhante mas de tempos a tempos uma pessoa comete erros imperdoáveis... só demonstra que nem mesmo um ser como eu é perfeito.