A grande REVOLUÇÃO DE ABRIL (à Portuguesa)
Mas afinal o que se passou em Abril 1974? Um golpe militar. Qualquer pessoa com “dois dedos de testa” consegue ver isto. No entanto ainda há alguns que negam esta realidade. Muito pouca gente comemora esta dia. É apenas mais um. Claro que fica bem comemorar quando se é “político à séria”.
O 25 de Abril foi um aborto elaborado por meia dúzia de macacos fardados que estavam fartos da guerra e foram atrás da cantiga do PCP. Outros, um bocado mais inteligentes, simplesmente queriam parar com aquele esquema do pessoal, milicianos que ia fazer umas comissões a África para cozer batatas (óbvio que para outros não foi o caso) e e iam subindo na carreira “roubando” lugar aos oficiais de carreira. Portanto, isto foi tudo uma grande fantochada e provavelmente esta ideia de A Revolução de Abril, apoiada no pais inteiro não passou de propaganda de esquerda. De Rio Maior para cima não punham lá os pés porque eram todos corridos. Há pessoas que teimam em falar das liberdades conseguidas com a revolução. Então porque é que o MFA, juntamente com o PCP, aprovou um plano que limitava a Assembleia, eleita por sufrágio em 75 com, creio eu, 90 e tal por cento de presença nas urnas, de votar no quer que seja além da constituição? Ou porque é que esse plano também incluía a decisão de o Estado tomar o controlo dos meios de comunicação, pois estes estavam a perturbar a revolução?
No fundo o que se pode dizer do 25 de Abril? Foi o maior embuste do século XX em Portugal. Muito no espírito daquele episódio que se passou nos USA nos anos 60, se não me engano, em que alertaram na rádio que estavam a ser invadidos por Aliens e a maioria do pessoal acreditou. Ridículo!!
Economicamente, foi uma desgraça. Não sei se muita gente tem noção das implicações e de maneira a nossa sociedade é, ainda hoje, afectada por isto. Não é só o comércio de cravos que interessa. Passo a explicar o pouco que percebo disto. Uma coisa muito engraçada que o senhor Cunhal tentou e consegui-o fazer, foi transformar a Constituição de 76 num autêntico manifesto comunista, por exemplo: Artigo 80º, “a organização económica e social assenta no desenvolvimento das relações de produção e socialistas, mediante a apropriação colectiva dos principais meios de produção e solos,(...)recursos naturais, e o poder democrático das classes trabalhadoras” ou ainda “a Reforma Agrária é um dos instrumentos fundamentais para a sociedade socialista”; e pior, isto tudo eram “ conquistas irreversíveis das classes trabalhadoras ”. Só em 80s é que se começou a devolver terrenos e casas ocupadas. Isto tudo pôs todo o investidor ou cabeça com ideias para inovar e arriscar, a tremer de medo e escolher outras paragens. O dinheiro que entrava durante o Estado Novo de investidores, que havia, fugiu para fora. As remessas de emigrantes, a única coisa que suportava a nossa balança de pagamentos, pararam e os défices saltaram. O turismo desapareceu. Resumindo, estávamos mais pobres e a crescer -4% em 1975. Com o fim da guerra colonial o estado decidiu, para não parecer mal e tendo em conta o ambiente que se vivia, encher a maquina estatal com muito do pessoal que vinha do ultramar ao ponto de se inventar departamentos e burocracia, “só para encher chouriço”. Esta é a razão pela qual temos hoje uma função pública atolada e entupida. Outro grande disparate, que veio depois a complicar os futuros orçamentos de estado, foi o aumento nominal dos salários de um dia para o outro que não tinha contrapartida na produção nacional o que levou a mais importações, muito endividamento e muita inflação. O Estado ainda nos fez o favor de entrar numa política de expansão de investimentos públicos como se tivéssemos dinheiro para queimar, endividando as gerações futuras; O governo de Vasco Gonçalves "estoirou" com as reservas de ouro para tentar suportar o défice e pagar dívidas e deixou-nos numa crise de divisas, à beira da banca rota que só foi ultrapassada com a ajuda o FMI em 78.
Claro que nos anos 80, 90 e ainda hoje, vivemos repercussões daquele ano em que pessoas geniais fizeram coisas geniais. Óbvio que os governantes dos últimos 20 anos não tiveram coragem ou lucidez para atacar os problemas de fundo, como a falta de produtividade, no entanto passávamos bem sem o dia 25 de Abril. Se queremos comemorar devíamos comemorar o 25 de Novembro. Que tal?!!
AD
1 comentário:
Caro AD,
De facto viveram-se tempos conturbados logo após o 25 de Abril. Porém tenho alguns apontamentos a fazer ao seu texto.
A vida não é só economia, muito menos é so macro-economia. Tem de facto razão no que diz, apesar disso, esquece-se que o 25 não foi um golpe comunista mas sim militar cujo objectivo primário era acabar com a guerra e o segundo instaurar um regime democrático. Portugal esteve de facto, graças aos comunistas (responsáveis por parte do pós-25 de Abril) à beira da calamidade. O que o senhor se esquece é que foi o nível de democraticidade, embora imaturo, instaurado nesse dia que permitiu reverter isso.
A descolonização foi mal conduzida, por ser muito rápida. Não por ter retornados que iriam sempre existir pois as vontades políticas das populações daqueles países, bárbaras ou não, eram naturais e eram exteriores a Abril. Não obstante as medidas tomadas para os inserir, o facto é que foram bem inseridos e que não se viveram tempos de maior convulsão social por causa disso.
O 25 de Novembro também deve ser comemorado mas isso não implica que o 25 de Abril seja motivo de vergonha porque sem ele ninguém sabe se em vez de 12 quanto tempo teria levado o país a integrar a CEE, marco do seu desenvolvimento social, económico e político. Em súmula era já um país democrático e, como lhe importa tanto, com alguma estabilidade económica, ou macro-económica.
Como disse, a vida é mais do que a macro-economia.
Cumprimentos!
Enviar um comentário