sábado, 21 de novembro de 2009

A (des)reforma da União Europeia.


A reforma da União Europeia, que culminou no Tratado de Lisboa, deteve-se na forte oposição dos europeus. Os que foram chamados a pronunciarem-se em referendo repetidas vezes disseram não e só com a insistência do assunto é que acabaram por dizer sim. Outros europeus – mas não menos europeus – decidiram pelos seus representantes – forma tão legítima como o referendo -, deixando dúvidas se o resultado teria sido o mesmo em referendo.

Não obstante a estes sinais, continua-se a construir a União Europeia sem um elo determinante com os europeus. Nos referendos os não à Europa são recorrentes, a participação nas eleições para o Parlamento Europeu têm abstenções recorde em vários países, pouco se sabe sobre os processos de decisão, história ou representantes.

A União Europeia ao esbarrar várias vezes na opinião dos europeus tinha a obrigação de abrir-se e tornar a execução do Tratado de Lisboa, mas ampla, aberta e esclarecedora.

Como saberão, o Tratado de Lisboa criou dois cargos: Presidente da EU e Alto Representante para a Política Externa. Ora, estes cargos de extrema importância e com vastas competências serão ocupados por dois nomes absolutamente desconhecidos da esmagadora maioria dos europeus. Ocupados por dois nomes absolutamente desconhecidos da esmagadora maioria dos europeus: Herman Van Rompuy será o Presidente da União Europeia e Catherine Ashton a Alta Representante para a Política Externa. Nomes que dizem-me muito pouco e que a partir de 1 de Janeiro influenciarão em muito a minha vida.

A União Europeia necessita abrir-se e traduzir aquilo que sentem os europeus. Se o processo do Tratado de Lisboa foi atípico, estes nomes ainda o são mais. Se ao primeiro houve resistência e dúvidas quanto ao futuro, estes nomes deixam muitas mais dúvidas. No mínimo, eram exigidos nomes de dimensão Europeia.

Um texto de Tibério Dinis, estudante do 4º ano da Faculdade de Direito de Lisboa e blogger do In Concreto.

2 comentários:

Jorge Wahnon disse...

Haverão assim tantos nomes de dimensão europeia?

Tibério Dinis disse...

Jorge Wahnon,
são poucos os nomes de dimensão europeia. Assim rapidamente, só me passam pela cabeça antigos Chefes de Estado dos grandes países da Europa.

Outro problema é que os grandes nomes que existem levantam muita contestação. Não é por acaso que as organizações/instituições internacionais optam sempre por nomes desconhecidos: pe. Durão Barroso em 2005 e recentemente a ONU com Ban Ki-Moon.

Haja Saúde