"A Ciência Política, em sentido restrito, é a ciência dos factos políticos isolados dos fenómenos sociais em que se inscrevem, sendo facto político todo o evento relacionado com a aquisição, manutenção e exercício do poder político" António de Sousa Lara
A Politica é a eterna ciência sem aplicabilidade. Sofrendo sempre, sem excepções, nem equivalente entre as outras ciências, uma mutação entre a sua teoria e a sua prática. Existindo enquanto arte do possível, vive tanto da teoria quanto as outras ciências, falhando, todavia, a sua execução.
Falha, também, por ser porventura a ciência menos flexível de todas. Tal como nos explica Popper, entre outros, uma ciência qualquer que ela seja, vive de paradigmas, que apenas subsistem enquanto sobreviverem a testes que lhes forem sendo feitos e enquanto não surgir um melhor que os substitua.
Falha ainda porque tendo sempre (ou quase) uma concepção virtuosa, a prática política muito raramente é virtuosa.
Podemos, para melhor ilustrar o que foi dito, dar 4 simples exemplos:
1° O Comunismo, a Democracia Liberal, e outros tantos, nunca conseguiram ser executados tal quanto foram propostos (nem sequer perto);
2° Mesmo depois de ter caído a URSS, sendo o comunismo um paradigma mais do que ultrapassado, ele subsiste em Cuba, na Coreia do Norte e no PCP;
3° Nas últimas eleições legislativas em Portugal foram marcadas por um debate político encapotado, que versou sobre pessoas, os seus defeitos e qualidades, erros e sucessos e a forma como governaram no passado, seja ele próximo ou distante. Não houve debate sobre a forma de governar nem preocupação com isso. Os partidos degladiaram-se pela vitória, procurando levar o poder para equipa onde jogavam e nunca pela virtude do governo., sempre apontando o quão pior o adversário era. Qual equipa num campeonato de futebol preocupada com a taça e não em ajudar o bairro onde está sediada;
4° Continuamos a viver em função de um confronto político entre esquerda e direita, e eu pergunto, então: e os conservadores de esquerda? E os liberais com preocupações sociais? E os beatos de extrema esquerda? E os centristas tradicionalistas? E os homossexuais conservadores?...
Há já muito que a distinção entre esquerda e a direita diz pouco às pessoas, porém, persiste.
Como vemos, a política consegue viver da teoria na prática, falhando enquanto ciência.
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