quinta-feira, 2 de julho de 2009

Péssimo.

Há ministros que demonstram uma total falta de aptidão para a política não pelo seu desempenho no seu cargo ministerial enquanto tal, isto é não por um péssimo exercício do cargo com más e inadequadas políticas mas antes pelas suas declarações na comunicação social que debilitam a sua própria imagem e a do Governo que o ministro em causa compõe.

Um caso flagrante destes que vos refiro é Manuel Pinho. A última deste senhor foi isto. Em pleno debate no Estado da Nação, na Assembleia da República, hoje à tarde, Manuel Pinho aquando de uma intervenção do Primeiro-Ministro (pior era difícil) dirigindo-se a um deputado do PCP, Bernardino Soares, fez um gesto conhecido como “chifres”. É um gesto totalmente lamentável e inaceitável a fazer lembrar outras Câmaras Parlamentares de outras paradas. Assim de repente lembro-me de duas, uma lá para os lados do Oriente, outra bem mais próxima mas que parece querer afastar-se. Este até podia ser um acto isolado (o que não deixaria de ser lamentável) mas não é.

Manuel Pinho já nos habituou a comportamentos deste género que excedem o limite do razoável, e alguns do limite da boa educação. Devo recordar-vos de intervenções como as do “Fim da Crise” anunciado pelo ministro. Muito bem que não era relativamente a esta crise mundial que estava a começar e por aí não podemos criticar aquelas declarações. No entanto, a crise a que se referia Manuel Pinho, a nacional, também não tinha terminado naquele momento. O ministro cometeu o mesmo erro que cometera anos antes Santana Lopes que anunciou “o fim dos tempos de austeridade”. Contudo, o ministro não se ficou por aqui. Lembram-se daquelas famosas declarações acerca das vantagens do mercado laboral português? Se não se lembram recordo-vos. Segundo o ministro, Portugal era um país atractivo para instalação de empresas porque os portugueses têm em média, salários muito baixos. Realmente extraordinário. Não sei se ao leitor estas referências são suficientes mas aqui vai mais uma, mais recente. Durante a campanha para as eleições europeias Manuel Pinho atira com as “Papas Maizena” para Paulo Rangel (em linguagem figurada). Foi um acto totalmente despropositado que aliás mereceu total reprovação da minha parte.

Este por agora último acto de profunda falta de noção do que é aceitável por parte do Ministro põe termo à sua participação no Governo. As eleições estão perto, mas por ventura não é sustentável ao Primeiro-Ministro manter no seu Governo um Ministro tão vulnerável e sujeito a ataques e criticas da oposição como Manuel Pinho, até porque José Sócrates pretende renovar o seu mandato, algo que se afigura neste momento, bastante complicado. Assim a demissão de Manuel Pinho afigura-se como necessária, e de resto já ocorreu.

Referência ainda para a reprovação por parte de todos os partidos da A.R. e por parte do Governo.

No entanto, e já que refiro aqui o papel de um dos ministros deste Governo, extravaso a análise a alguns dos restantes. Se Manuel Pinho se apresenta com dificuldade perante o público, Mário Lino também tem dificuldades nesse ponto. Lembro declarações como a de que o aeroporto na “Margem Sul Jamais” seria construído. Estas palavras concretizaram-se numa total falta de coerência na medida em que acabou por se decidir que era mesmo na margem sul do Tejo que se irá construir o novo aeroporto. Depois aquela frase, num dia, de que o TGV ia avançar, e no dia seguinte, de que só avançaria na legislatura seguinte. A cereja no topo do bolo foi a entrevista concedida a um qualquer jornal da nossa praça em que afirmava que estava velho para o Governo.

Valha-nos alguém, que isto está mesmo mal se já nem os ministros reconhecem capacidade a si próprios para estar no Governo.

Quanto aos restantes ministros não houve tanta polémica mas há também reparos a fazer. A Ministra da Educação teve uma política difícil que suscitou as maiores revoltas, mas creio que alguma coisa havia que ser feita na Educação e foi. O Primeiro-Ministro veio há pouco reconhecer que o método de avaliação dos professores era demasiado burocrático mas não sei até que ponto teremos que interpretar estas declarações de acordo com o facto de estarmos num momento pré-eleitoral. Críticas há a fazer à Ministra na sua postura parlamentar que afigurou fraca (sem qualquer falta de respeito que neste blogue não entra). Fraca no sentido de falta de “mão pesada”, de contundência na defesa das suas políticas. Na Saúde discordo das medidas que estavam a ser tomadas pelo anterior Ministro mas com a nova Ministra viu-se uma alteração. O problema é que não há uma nova política estruturada para a saúde, uma nova dinâmica, vê-se pouco, muito pouco. Na Justiça é sobejamente conhecido o estado em que se encontra, isto apesar de discordar dos que entendem que está pior do que nunca. Do Ambiente, da Cultura, e de outras pastas ministeriais pouco se houve falar. Em suma este Governo tem muitas fragilidades e a ver vamos se o PS vencer as próximas eleições José Sócrates constituirá um executivo mais forte.

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