Ao que tudo indica as próximas eleições europeias terão uma abstenção de perto de 60%, um valor altíssimo mas não muito distante daquilo a que temos sido habituados nas eleições com este cariz. O desinteresse é claro, mas não sei se consigo chamar-lhe natural. Custa-me que aceitemos com naturalidade que as pessoas se alheiem daquilo que as governa. Portugal deixou de depender apenas de si para crescer há mais de 20 anos, data da entrada na União Europeia. Bem sei que antes também não dependia se tivermos em conta as exportações, necessárias para o crescimento de um Estado. No entanto, a União Europeia é fundamental. Hoje já muito pouco se faz (ainda que importante como os impostos) sem a “mão” da União Europeia. Aliás custa-me a crer que alguns de nós entenda que Portugal estava melhor fora daquela Organização, mas respeito a opinião, apesar de discordar. Ao menos esta opinião é isso mesmo, uma opinião, goste-se ou não. Agora não ter qualquer ponto de vista acerca da posição de Portugal naquela organização, ou o papel que esta pode ter no crescimento em comum dos países Europeus, quem sabe rumo ao federalismo (palavra assustadora), é que já não se compreende. Claro que a abstenção pode ter vários sentidos, várias causas. Ou é por não se acreditar nos políticos em geral, ou porque não teve tempo ou disponibilidade, ou devido ao vil desinteresse, à vil preguiça.
Todas estas podem ser razões para a abstenção mas para todas existe resposta de modo a torneá-las.
A primeira causa, da falta de credibilidade dos políticos em geral, soluciona-se da seguinte forma: muito mais poder e força tem um voto em branco que um não voto, sendo que este último suscita (como referi) muito mais interpretações e indefinições acerca do seu propósito do que o primeiro.
Quanto à segunda razão apontada pouco cabe afirmar. Se uma pessoa não arranja tempo para votar, é pena, mas deve tentar.
Em terceiro lugar e por ventura a principal causa (ainda que relacionada com a primeira apontada) o vil desinteresse. O desinteresse é nefasto. As pessoas devem interessar-se por aquilo que as rodeia, aceitando ou reprovando, mas pelo menos considerar sobre a questão, elaborar um raciocínio, e neste caso, votar. Reforço a ideia de que não tem que votar num partido, pode sempre votar em branco, mas na realidade, falta de hipóteses partidárias é coisa que possivelmente não existe.
Apesar de tudo, creio que o direito à indiferença deve continuar a existir. Isto é, a possibilidade de não votar deve continuar a vigorar. Não me parece que se construa uma Democracia com esta imposição, aliás, não sei se, uma medida deste género, teria laivos de falta de democraticidade. Isto apesar de várias democracias terem este sistema, por exemplo o Brasil ou a Bélgica. No entanto, não creio ser o melhor método.
Porém, ao que parece andam por aí umas vozes a lançar esta hipótese do voto obrigatório. Espero que se deixem disso. A abstenção desde muito cedo, ainda era eu criança, representou para mim algo que não deveria acontecer. Possivelmente por educação, seja familiar, seja escolar.
Hoje em dia que posso desconsiderar o que me foi ensinado, porque tenho ferramentas para o fazer, não o faço.
Fica o reparo.
(Cartoon tirado daqui)
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