Caros senhores leitores, dada a recente actividade no blogue, eu não poderia dormir outra noite sem publicar um artigo em referência àquilo que o Apu e o Senhor Doutor publicaram. Por uma questão de coêrencia falar-vos-ei em primeiro lugar do artigo publicado pelo nosso amigo Senhor Doutor.
O meu amigo, terminou o artigo com uma frase digna dos tempos revolucionários em que se inspirava idealismo: “Por isto espero que a conduta das pessoas se altere e comecem a ter consideração por essa figura que não é um “pai” ou uma figura de apoio ou de beneficência, mas algo que nos “ajuda” e merece “ser ajudado”.
Eu não sei em que mundo é que vivemos. Contudo muitas são as observações que gostaria de partilhar convosco no que se refere a este tema.
No meu leigo entender, de todo esse vasto complexo, que a palavra Estado alberga, uma das coisas que o define (num estado democrático) é o facto de ser povo. Ou por outra, o povo ser o Estado. Como queiram. Ora a isto ser verdade, o facto de muitos, hoje verem o “Estado” como um objecto independente não identificado (O.I.N.I.), é em si um forte sinal de que afinal a coisa não está a correr tão bem.
Será importante referir, visto que já percebi que o Senhor Doutor, não o fará. As pessoas já se aperceberam que nesta democracia representativa, pouco é aquilo que podem, ou não, fazer. Por culpa de um circulo vicioso ou não. As elites é que mandam. Deixemo-nos de tretas, o mundo é assim, sempre o foi. Desde sempre também, as elites foram constituidas por quem detém o poder. O poder hoje, reside naqueles com dinheiro.
Em termos práticos isto significa que o povo não vota em quem quer. Mas antes, vota naquele que lhes é dado a escolher. Diferença importante de referir. “Ah, mas se não gostam da escolha candidatem-se também!”. Tudo muito Bonito, só nos estamos a esquecer, que para ganhar umas eleições é necessário que as pessoas votem. Para as pessoas votarem precisam de conhecer o candidato. O candidato para se dar a conhecer, precisa de... Como é que se chama?! DINHEIRO! E onde é que este está? O quê? Nas elites?!
Outro grande problema destas democracias. É a constituição de um pólo de poder entre dois partidos, os chamados catch-all parties. Ou seja, não só o povo é obrigado a escolher de entre candidatos préviamente escolhidos por outros. Mas também daqueles candidatos mais populares, a diferença entre ter um e outro, pouco difere, porque as políticas seguidas por eles serão, no que toca ao zé povinho, idênticas. PS, PSD?
Ao que parece o Estado Democrático. Não é assim tão democrático quanto isso.
O que me leva a concluir que a aparente ausência de consciência “política”; o crescente desinteresse pelos assuntos do Estado, é mais que justificado.
Falemos agora na história dos impostos. Não sei que ideia tem o Senhor Doutor, mas a verdade é que a maioria da população paga os seus impostos. Muitos que não o fazem, são membros constituintes das referidas elites. Ora, a maioria daqueles que se queixam na comunicação social, fazem-no porque no seu entender, apenas têm um contrato com o Estado: pagar-lhe os impostos e este dar-lhe o minimo de condições. O Estado estará portanto em falta. Especialmente se pensarmos no Estado enquanto gestor do país. Ele portou-se mal.
Não vejo, obviamente, qualquer razão para o não “ alheamento do que diz respeito ao Estado”. Antes pelo contrário, ele parece-me cada vez mais justificado.
Peço perdão, já não tenho tempo para me debruçar sobre aquilo que o Apu disse. Fica para uma próxima publicação
Nota: Não creio que o actual sistema seja mau de todo, também não estou a dar razão aos queixosos dos telejornais.
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