M.A. sai beneficiado por várias ordens de razões. Ganhou notoriedade desde as eleições presidenciais, e desde então, não se coibiu de mostrar descontentamento relativamente às políticas do Governo, apesar de fazer parte do partido que se encontra no poder (Governo). Tal foi o protagonismo à sua volta gerado, que, diria, que o PS deverá mesmo apoiá-lo nas próximas eleições presidenciais. Nem sei até que ponto isso terá mesmo sido falado entre os responsáveis socialistas, mas é possível que sim. Por outro lado, M.A., se criasse um partido, poderia destabilizar o sistema político e a divisão parlamentar no que concerne aos partidos. Seria aquele cenário do PCP, BE e M.A. com 30%, PS com 30%, PSD 30% também, e CDS 10%, isto aproximadamente. No entanto, dificilmente o socialista tiraria grande benefício dessa divisão, ou melhor, o benefício que terá enquanto Presidente da República será muitíssimo superior ao do cargo de líder partidário, por várias ordens de razões que não cabe aqui explorar.
Já o PS sai enormemente beneficiado, descartada que está a hipótese de ter como adversário político M.A. que possivelmente tiraria perto de 10% do eleitorado do PS. O PS consegue assim segurar os votos que tem, sem ter em conta alterações que entretanto poderão suceder e que de algum modo poderão modificar o sentido de voto do eleitorado. O PS ganha ainda com a hipótese de já ter um candidato a Presidente da República. Por momentos, dada a “cooperação estratégica” tão vincada entre o Governo e o PR, cheguei a acreditar que o PS iria apoiar Cavaco Silva nas eleições presidenciais de 2011. Para terem ideia do grau de proximidade, é suficiente verem uns sketchs dos “Gato Fedorento” que a ilustram, ainda que hiperbolicamente. Obviamente que não está garantida a vitória do candidato apoiado pelo PS naquelas eleições. Aliás, acho muito difícil que tal suceda, na medida em que o PR normalmente faz dois mandatos. No entanto, muito pode ainda acontecer e mesmo as próximas eleições legislativas são uma incógnita, apesar de crer que o PS deverá vencê-las. Resta saber com que maioria. Depois disso, resta também saber se o PS com maioria relativa aguenta o leme do país durante muito tempo.
Relativamente ao país, este deverá ganhar em vários aspectos. Desde logo, discordarão de mim de imediato aqueles que acham que este país terá melhores hipóteses de sucesso com maiorias relativas do que com absolutas. Já por várias vezes referi, noutros textos, que através de um juízo empírico chegamos facilmente à conclusão que a governabilidade de um Governo suportado por um partido de maioria relativa é inferior à de um com maioria absoluta. Possivelmente a causa deste problema reside na falta de maturidade da nossa Democracia. Enquanto esta maturidade falta, a possibilidade de haver aquele cenário acima referido dos 30%, 30%, 30% e 10%, afigura-se problemática. Com o descartar da hipótese de um partido alegrista, esse cenário será mais complicado de se realizar. Tal como já referi, o país ganhava ainda um candidato presidencial com maiores hipóteses de vencer com o apoio partidário que lhe faltou nas eleições anteriores. Louve-se o pluralismo, essencial numa Democracia. Para além disto, chegamos a uma fase em que a concertação de esforços se revela essencial. Não um bloco central, mas a prossecução do interesse comum alcançável por acordo entre os partidos da AR. Naturalmente que isso só será possível com o abdicar de algumas posições e com o consequente consenso alargado.
2 comentários:
Bruno,
Acho que Manuel Alegre só sai beneficiado, se de facto tiver um acordo com o Partido Socialista e os restantes partidos da Esquerda, para ser o candidato de toda a esquerda. É possivel e provável que isso tenha acontecido. Assim, teremos a direita unida em torno de Cavaco Silva contra a esquerda em redor de Alegre. Não acho que seja assim tão linear que Cavaco Silva vença. Alegre, só nesta circunstância, sai beneficiado.
O PS, sai altamente beneficiado e concordo com tudo o que afirmaste a esse respeito. Começa é a cheirar a desespero. Veja-se o exemplo, na CML, onde Costa, alegadamente, janta com Carmona Rodrigues a fim de o motivar a candidatar-se. Este episódio é muito grave e não teve mais uma vez a cobertura da comunicação social. Que cobertura mediática teria um encontro entre Santana Lopes e Helena Roseta com a finalidade de motivar a arquitecta a avançar?
Para o País, acho que é benéfico que a esquerda radical (PCP e BE) se mantenham bem afastados do poder. Por razões óbvias. Quanto a maiorias absolutas e relativas, julgo que a resposta mais correcta, é um depende. Cavaco governou bem, sem maioria absoluta, Guterres, do ponto de vista da estabilidade, governou durante vários anos sem maioria absoluta. Por exemplo, PSD-CDS tinham maioria absoluta, e nem isso foi suficiente para o golpe palaciano de Sampaio não vingar. Destruiu-se uma maioria absoluta sem razão aparente.
Sócrates tem maioria absoluta, e ao longo do mandato, especialmente nestes dois anos finais, cheirou várias vezes a dissolução/demissão. Acho que é subjectivo.
Agora se me perguntares se prefiro uma maioria absoluta do PS ou uma coligação PS-BE ou PS-PCP, a resposta é evidente. Embora considere, que hoje, existe uma real hipótese do PSD vencer as eleições.
Uma última nota para te dizer que sou contra o Bloco Central, mas acho que os pactos de regime entre os dois maiores partidos devem ser muito mais regulares. É importante que em sectores chave da nossa sociedade e que implicam grandes investimentos e repercussões futuras, os dois maiores partidos cedam e cheguem a entendimentos.
Finalmente acabou o Tabu Alegre
Dificilmente iria fazer um novo partido.
Nao teria tempo nem aderentes.
Hoje em dia o eleitorado nacional está muito colocado entre o PS e PSD.
E pouco nos partidos radicais ou mais de Direita ou Esquerda.
E para sair do PS, Alegre teria de fazer um partido ainda mais á esquerda. E já temos dois nesse campo.
É sensato nao integrar as listas dos PS, ás legislativas.
Cá para mim vai haver confronto Alegre- Cavaco nas próximas presidenciais
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