Em Portugal temos a oportunidade de festejar dois acontecimentos muito próximos (menos de uma semana) e que são relacionáveis. Se o dia 25 de Abril é o dia da liberdade, o dia 1º de Maio (festejado nos quatro cantos do Mundo, se bem que este não tem cantos) é o dia do trabalhador. Ambos se concretizam em direitos fundamentais.
Porém, há quem escudado na capa da luta do trabalhador oprimido exprime a sua raiva e rancor com violência, a arma dos fracos. Foi o que se passou ontem…
Vital Moreira, candidato pelo PS às eleições europeias foi agredido de modo vil e cobarde por alguns manifestantes que alinhavam num desfile da CGTP relativo ao dia do trabalhador. É deplorável o acto, condenável a postura de alguns.
O Professor terá sido recebido com hostilidade por alguns membros daquela manifestação por duas ordens de razões.
Primeiro, Vital Moreira fora militante comunista há 20 anos atrás. Quem abandona o PCP e se junta a um PS ou PSD, numa linguagem coloquial, está feito! Não é um ex-comunista, é um traidor. Palavras ditas aquando da agressão. Assim, Vital, carregando o pesado fardo do passado, foi recebido deste modo numa manifestação em que os militantes do PCP dominavam, assim como sindicalistas da CGTP, organizações cuja ideologia será dificilmente distinguível.
Em segundo lugar, Vital, como já disse, é candidato do PS, e só isso já chega para tudo. O raciocínio é mais ou menos o seguinte: "O Vital é candidato do PS, o PS é o Governo, logo o Vital é o Governo, O Governo é mau, logo o Vital é mau, toca a malhar no Vital."
Que espécie de ser humano pensará assim?
A única premissa que ali faz sentido é a primeira. Todas as outras são no mínimo discutíveis, para não dizer erradas. Uma coisa é discordar das ideias, dos candidatos, outra é partir para a agressão.
Passemos ao campo das reacções, excluindo o PS que obviamente se mostrou descontente.
O PSD, o CDS e o BE mostraram total repúdio pelos acontecimentos através dos seus candidatos ao PE. O PSD pareceu-me mais contundente, utilizando expressões como (se não é isto é algo parecido) “Enviamos daqui um abraço de solidariedade ao Doutor Vital Moreira e ao PS” e “Nisto estamos ao lado do PS”. Devo dizer que fiquei surpreendido.
Já o PCP e a CGTP tiveram reacções no mínimo rocambolescas. Se o líder do PCP disse que não falava no que não sabia, o líder da Unidade Sindical condenou tais actos mas com a ressalva de que isto mostra o descontentamento dos trabalhadores perante as políticas tomadas e que os visados deveriam reflectir sobre isto. Isto é, Vital Moreira deve reflectir sobre o facto de ser agredido…Como quem diz que o Vital deve mudar a sua atitude a menos que queira ser agredido outra vez porque às vezes as pessoas passam-se.
Em jeito de Dupond e Dupont.
"Muito bem. Diria mesmo mais. Muito bem."
Deixo um conselho: Tenham juízo.
Fica o reparo.
2 comentários:
Caro Bruno,
Tem toda a razão. Porém, o que é que o Vital Moreira lá foi fazer? Conhecendo o povo como todos conhecemos e como os seus conselheiros e acessores de campanha certamente conhecerão, ele não seria bem recebido. Seria expectável que no minimo fosse vaiado. Pelo que lanço a questão: não será isto uma estratégia de vitimização do Professore e do PS? E, por outro lado, de hostilização do PCP e das suas bases de forma a ganhar uma vantagem competitiva aos olhos do grande público?
Cumprimentos!
Caro Jorge,
naturalmente que Vital Moreira foi àquela manifestação no sentido de se promover (a ele e à lista do PS) no âmbito da campanha para as eleições europeias. Nada de ilícito ou sequer pouco ético. Já se foi uma estratégia de vitimização, parece-me um pouco forçado. Isso seria admitir de imediato que o Partido Comunista reage mal a adversários (o que não deixa de ser um facto mas que pode abrir um precedente) e mais que isso, que Vital seria alvo de agressões físicas. A possibildiade de tudo ser premiditado parece-me de afastar.
Cumprimentos.
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