Na segunda metade do século XX, África foi palco de uma descolonização em massa com muitas das colónias a tornarem-se países soberanos. Porém, esta independência dos países africanos face aos europeus foi apenas o início de uma batalha que os africanos tiveram que travar para viverem num país, que para além de soberano, fosse defensor de liberdades e garantias de todos os cidadãos. No fundo, faltava muito para se atingir aquele a que chamam “o regime menos mau”, a Democracia. Travaram-se guerras e guerrilhas na luta pelo poder em vários países com a consequente mortandade que tornava África um local péssimo para se viver. Aqueles que conseguiam fazer eleições logo se arrependiam pois a discordância sobre o resultado final e transparência das mesmas fazia de imediato rebentar nova guerra entre movimentos, etnias e partidos.
Ora, as eleições em Angola cedo me fizeram recear sobre o desfecho das mesmas. Perguntava-me se terminariam com o mesmo epílogo que tantas outras que tiveram lugar no mesmo Continente. Esse receio agudizou-se aquando da impugnação pela UNITA das eleições naquele país. Contudo, o mesmo partido deu uma lição a muitos outros por esse Mundo fora que rejeitam o resultado das eleições quando perdem, e aplaudem-no quando ganham, sendo esse o seu único critério quando qualificam a transparência das eleições. A UNITA presta assim um enorme serviço àquele país por ter reconhecido os resultados, isto se o processo eleitoral decorreu dentro da normalidade… Evitam-se assim novos conflitos e possíveis guerras numa luta pelo poder e possibilitam-se assim desenvolvimentos e melhorias no nível de vida daqueles que naquele país residem. Pelo menos por agora…
Porém, “nem tudo o que reluz é ouro”, prova disso é a passagem de uma impugnação judicial para o reconhecimento das eleições em menos de 5 dias. Pergunta-se como é que a UNITA num dia impugna as eleições por falta de transparência e cerca de 5 dias depois reconhece o seu resultado. Terá sido apenas porque houve uma aceitação internacional, desde a CPLP à União Europeia, de que as eleições decorreram dentro da normalidade? Ou terá sido outra situação, da qual não me chegou notícia, talvez por me encontrar a cerca de 5.755 quilómetros daquele país?
Outra consideração a fazer é o facto de os meios de comunicação Expresso, SIC, Público, Visão e Rádio Renascença terem sido impedidos de entrar em Angola. Suponho que esse impedimento terá sucedido, por esses meios terem noticiado alguma informação que não foi do agrado daqueles que naquele país governam. Uma atitude questionável, diria eu.
No entanto, também é de reparar que a partir daquela proibição, o tratamento dado por alguns daqueles meios às eleições foi diferente. Desde logo foi tomado um discurso mais desconfiado quanto à transparência do processo eleitoral. Algo que deveria ter sido feito de imediato, e não só depois do impedimento de entrada no país, pois se o processo é pouco transparente antes, também o é depois. Fica o reparo.
Posto isto, finalizo o texto com expectativa de que em África e no Mundo a Democracia prevaleça de modo a que todos vivamos melhor.
1 comentário:
Adorei muito o Blog do Caraças,achei-o muito interessante não só para nós leiores como tambem para outars pessoas que o pesquisam...
Tem de se inovar mais...
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