Abstraindo-me de quaisquer comentários proferidos anteriormente vou referir-me neste texto aos programas matutinos televisivos em três dos quatros canais generalistas, não referindo o segundo canal por ter programação diversa dos restantes.
Comecemos pelo primeiro canal, o canal do Estado, a RTP. Este apresenta ao público um programa denominado “Praça a Alegria” desde as 10 da manhã até às 13, hora em que começa o jornal da Tarde.
Já referi este programa num texto anterior mencionando a sua localização, porém desta vez cingir-me-ei ao seu conteúdo propriamente dito.O programa tem por habitual registo a ida de cantores convidados que primam pela chamada canção pimba, que é uma música repetitiva e com relativa facilidade de escrita de letra. Raramente vai lá um cantor mais qualificado português ou não (embora costume ser português ou brasileiro, não tendo eu nada contra os brasileiros). Outro hábito é também a ida de avôs e avós mostrando o nº de netos que têm, para levar para casa mais algum (dinheiro) e para aparecerem na televisão dando também alguns presentes aos apresentadores. Isto para não referir a ida de um médico falar de problemas do coração que pelo que suponho todas as pessoas já conhecem e se continuam a cometer os mesmos erros no que diz respeito a esses problemas, seja pela falta de cuidado na alimentação, o tabaco ou outros, deve-se não por falta de aviso mas por descuido (suponho eu, sem querer generalizar). Para além disto, é questionável a importância de um senhor ir ao local fazer uns cozinhados, a suposta comédia que os actores convidados vão lá desempenhar, a ida de um senhor fazer ginástica e outros convidados que falam da sua vida. Francamente não me parece o protótipo de programa de qualidade. A única característica deste programa que acaba por agradar é a apresentadora. Já no que diz respeito à SIC este canal dá ao público português um programa chamado “Fátima”. Para além da ida de cantores pimba e de pessoas que lá vão falar da sua vida, ambas situações já criticadas, ainda se dão neste programa coisas curiosas, como por exemplo a apresentação por vezes conjunta da sua habitual apresentadora com um senhor ventríloquo com um boneco que é um pato, o chamado “Donaldim” ou “Donaltim” ou algo parecido, ainda não percebi bem o nome que dão ao pato sendo curiosamente bastante parecido com o nome de outro pato, o “Donald” mas isso terá sido mera coincidência. Já outra critica a fazer é aos jogos de casa como o “Árvore das Patacas” em que as pessoas gastam “rios” de dinheiro a telefonar para lá e depois ou não jogam ou não ganham, ou ganham pouco, sendo o tal jogo bastante repetitivo. Porém as partes deste programa que são mais questionáveis são sem dúvida a chamada “Tertúlia Cor-de-rosa” que põe gente dita do “jet set” a falar da vida de outros que vem nas revistas, a leitura dos signos, e a “Crónica Policial” que de facto faz uma exploração exaustiva e questionável dos assuntos policiais que estão em voga.
Passando agora para a TVI, o que dizer do seu programa matinal. È uma espécie de circo com muita palhaçada e peixeirada à mistura. Volta a existir a crónica e insanável pimbalhada, as pessoas que falam delas próprias e de outros, os jogos de casa e ainda uma amostra do que se vai passar na Novela que dará mais tarde. De facto estes programas padecem de uma falta incrível de qualidade. Diriam alguns que esses programas dão para senhoras domésticas, reformados e crianças que não puderam ir ou não tiveram aulas, pois bem essas pessoas só vêm os que lhe dão. Se começassem a passar na televisão programas mais instrutivos as pessoas também veriam mas teriam um pouco mais de cultura do que saber o que é o que o cantor Y fez ou a actriz Z deixou de fazer.
Posto isto concluo o texto dizendo que não tenho por hábito o visionamento destes programas mas nas férias é difícil não ver se quer uma parte até pela quantidade de vezes que passam e ainda mais para quem acorda cedo.
Espero sinceramente que a televisão mude, não só nestes mas noutros programas.
1 comentário:
Ahahahah. Sempre com o sentido de humor tão apurado, o Senhor Doutor!!
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